Qual seria o preço da Lua?

A Lua poderia ser vendida? Qual seria o seu valor? Um grupo inglês pensa que pode comprar o astro iluminado, o que gerou polêmica. Entenda os motivos aqui.

Trajetória
Trajetória do rover Lunokhod 2 registrado pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA (Imagem: Reprodução/NASA/GSFC/Arizona State University).

O universo tem um dono? Os astros no céu teriam um preço justo a se pagar? Seria mesmo possível comprar um pedaço e garantir um terreno fora da Terra? Um grupo inglês acha que sim, que pode comprar a Lua por exemplo, o que gerou bastante polêmica.

A resposta é bem simples e de modo geral converge com a opinião da maioria. Não, a Lua não pode ter um dono. Apesar disso, Richard Garriot, presidente da empresa referência na indústria de videogames, Explorers Club, disse ser dono de uma parte da superfície lunar. Mas seria isso mesmo possível ou foi apenas uma "brincadeira"?

Toda essa ideia de compra da Lua começou após Garriot pagar por uma viagem para a Estação Espacial Internacional (ISS) em 2008, mas bem antes disso, ele financiou um módulo lunar, o que segundo ele, daria o direito para ser dono de parte da Lua.

Dados de investimento para a compra da Lua

No ano de 1993, o dono da empresa de videogames participou de um leilão promovido pela Sotheby's e desembolsou um total de US$ 68.500 para comprar o módulo de pouso Luna 21, que pertencia a União Soviética, assim como o rover Lunokhod 2, onde ambos exploraram a superfície lunar.

Na ocasião, Richard conseguiu adquirir uma fotografia exclusiva do rover e também um conjunto de documentos em russo e em inglês, incluindo uma transferência de título e certificado de propriedade. Mas isso lhe daria uma parte da Lua?

A dupla Luna 21 e Lunokhod 2 foi lançada em 11 de janeiro de 1973, mas em maio do mesmo ano, o rover sofreu um acidente, que o deixou encoberto de regolito (poeira lunar) e outros fragmentos, o que fez com que ele parasse de funcionar e mandar informações para a Terra.

Garriot, então alega ser o proprietário nem que seja do regolito que se encontra abaixo do rover, pois o veículo é tecnicamente seu. Não satisfeito com a poeira lunar, o financiador destacou uma área de 40km que foi percorrida pelo Lunokhod 2, que também seria uma propriedade sua.

Seria razoável eu reivindicar não apenas 40km de pista, e sim tudo o que o meu veículo examinou.

Garriot não para por aí, tendo interesse também em realizar uma troca de interesses econômicos caso outras missões enviem veículos para explorar a área já demarcada pelo Lunokhod 2. Para ele, os direitos de acesso para estar em sua propriedade na Lua deverão ser pagos.

Direitos de propriedade no espaço

O Adam Smith Institute (ASI) fez uma proposta de criação de um sistema que consiga definir os direitos de propriedade no espaço, que pelo lado positivo, poderia potencializar as descobertas científicas e daria a humanidade uma participação maior na exploração espacial. Porém, regras em vigência precisariam ser atualizadas.

espaço
Hoje a mineração espacial está a poucos passos de se tornar uma realidade (Imagem: Reprodução/NASA).

Mais de 60 anos depois da grande conquista de Yuri Gagarin, primeiro ser humano a chegar ao espaço, direitos às propriedades fora da Terra ainda permanecem em debate.

Segundo o Tratado do Espaço Sideral de 1967, o espaço pertence a todos e nenhuma nação tem direito exclusivo de se apoderar de um corpo celeste, ou seja, ninguém pode comprar um astro ou um planeta.

Apesar disso, sabe-se que esse acordo foi criado em uma época em que a mineração espacial, por exemplo, não passava de uma ideia distante, ou seja, de lá para cá não só aumentou a nossa capacidade tecnológica para explorar o universo, como também se estreitaram as relações e interesses de cada nação (ou dos bilionários) com o espaço.