Quase 5 bilhões de pessoas no mundo sofreram com ondas de calor no mês de junho, aponta relatório
Em junho de 2024, ondas de calor extremas, influenciadas pelas mudanças climáticas, afetaram bilhões pessoas globalmente, causando mortes e prejuízos. Apenas no Brasil foram 176 milhões de pessoas afetadas.
O início do inverno deste ano foi bastante atípico, com predomínio de sol, poucas nuvens e altas temperaturas no centro-sul do Brasil. Ao invés do frio habitual do mês de junho, tivemos eventos de calor com temperaturas até 5°C acima da média, configurando uma onda de calor em pleno inverno.
Recentemente, um relatório mostrou que 60% da população mundial enfrentaram calor extremo em junho de 2024.
Ondas de calor afetaram quase 5 bilhões de pessoas
No mês de junho, as temperaturas extremas atingiram níveis históricos ao redor do mundo, sendo cada vez mais intensas e mais prováveis de acontecer devido às mudanças climáticas, causadas pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento. O Índice de Mudanças Climáticas revela o quanto as mudanças climáticas influenciaram a temperatura em um determinado período de tempo.
O índice varia entre -5 e +5, com níveis positivos indignado temperaturas que estão se tornando mais prováveis devido às alterações climáticas. Por exemplo, um índice de nível 5 significa que uma temperatura ocorre 5 vezes mais frequentemente quando comparada com um mundo sem poluição atmosférica causada por ação antrópica.
Em junho, o Climate Central afirmou que foram atingidos índices de pelo menos 3, mostrando que o aquecimento do planeta tornou as temperaturas pelo menos 3 vezes mais prováveis de ocorrerem.
176 milhões de pessoas afetadas no Brasil
Entre 16 e 24 de junho, 4,97 milhões de pessoas enfrentaram calor extremo, atingindo níveis de índice de mudanças climáticas de pelo menos 3. Na Arábia Saudita, pelo menos 1.300 pessoas morreram de doenças relacionadas ao forte calor durante a peregrinação do Haji, com temperaturas passando dos 50°C.
A Climate Central descobriu que a cidade de Meca tem experimentado temperaturas que se tornaram pelo menos 3 vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas a cada dia desde 18 de maio, e 5 vezes mais prováveis desde 24 de maio. Além disso, a queima de combustíveis fósseis tornaram a onda de calor na Arábia Saudita até 2,5°C mais quente. Os Estados Unidos sofreram dois episódios consecutivos de calor nas duas últimas semanas de junho.
Na Índia, uma das piores e mais prolongadas ondas de calor deixou mais de 40 mil pessoas com insolação e mais de 100 mortos. As temperaturas se aproximaram dos 50°C e 37°C durante a noite, supostamente a mais alta já registrada no país indiano.
No Egito, o cenário foi parecido, com temperaturas elevadas e aumento no consumo de energia em todo o país, fazendo com que o governo realizasse cortes diários de energia para evitar sobrecarga na rede elétrica.
No México, pelo menos 125 pessoas morreram e no dia 21 de junho, as temperaturas chegaram a 52°C no estado de Sonora. Um estudo do grupo World Weather Attribution descobriu que as mudanças climáticas tornaram o calor extremo de maio e junho 35 vezes mais provável.
As temperaturas extremas também estão impactando a Copa América de futebol. Um árbitro assistente desmaiou devido ao calor durante a partida entre Peru e Canadá, quando as temperaturas chegaram a 38°C e os níveis de umidade estavam acima de 50%.