Quase trinta ossadas de pessoas e animais foram encontrados em vila de pescadores na Bahia

Um sítio arqueológico com estruturas milenares foi encontrado recentemente em uma pacata vila de pescadores no estado da Bahia. Veja aqui mais detalhes desta descoberta.

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Mais de 2 mil fragmentos e quase 30 ossadas de pessoas e animais foram encontrados em Santiago do Iguape (Bahia), na beira do rio Paraguaçu. Crédito: Reprodução/Jornal Nacional.

Uma pacata vila de pescadores na beira do rio Paraguaçu, em Santiago do Iguape, no estado da Bahia, guardava um segredo milenar. Arqueólogos descobriram recentemente que o local abriga mais de dois mil fragmentos e quase 30 ossadas de pessoas e animais que podem ter vivido ali desde o século 16.

Acompanhe abaixo mais detalhes desta descoberta.

Vestígios encontrados datam da pré-história

A vila é cenário de muita história, como a primeira igreja construída no Recôncavo Baiano, e que recebeu a sanção canônica de matriz de Santiago. E agora, essa descoberta das ossadas ao lado de tal igreja.

A descoberta se deu durante as escavações na área próxima da igreja para a construção de uma praça. Os vestígios foram aparecendo, e a obra foi logo suspensa para que os arqueólogos pudessem trabalhar no local.

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Local das escavações ao lado da igreja, onde foram encontradas as ossadas e demais fragmentos. Crédito: Divulgação/ Feijão Almeida/Governo da Bahia.

Olmo Lacerda, arquiteto da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) que estava liderando a obra, disse que a expectativa era seguir com a construção da praça, mas a emergência de um sítio arqueológico tão significativo mudou tudo. "Agora, a preservação dos achados é nossa prioridade, e estamos trabalhando em estreita colaboração com os arqueólogos para garantir que cada fragmento seja estudado com o devido cuidado", disse ele.

Também foram encontrados enterramentos indígenas ao lado de um cemitério cristão, o que evidencia a convivência de diferentes povos no mesmo espaço, revelando uma história de ocupação e convivência complexa e multifacetada.

As escavações já identificaram mais de 2 mil fragmentos e quase 30 ossadas humanas e animais, possivelmente datadas do século 16. O destaque foi a descoberta de sambaquis, estruturas com potencial de milhares de anos.

"O sambaqui é uma deposição proposital e de longo prazo de conchas, de restos de alimentação, de objetos das pessoas que estavam ali e de terra do próprio local... É algo muito antigo. Os mais antigos encontrados no Brasil podem datar até de 10 mil anos. E esse aqui em específico, ele é muito especial porque ele está aqui no Nordeste. E a maioria dos sambaquis no Brasil estão concentrados na região Sul e Sudeste", afirmou a arqueóloga Bruna Brito ao programa Jornal Nacional.

E agora, o que será feito?

Cada fragmento e ossada encontrados serão analisados detalhadamente, e alguns serão enviados para o Laboratório de Osteoarqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde passarão por testes de DNA e outras análises avançadas para revelar origens e datas de sepultamento.

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Ossadas descobertas na vila de pescadores na Bahia. Crédito: Divulgação/ Feijão Almeida/Governo da Bahia.

“Essa descoberta é única no Brasil, pois revela dois níveis de cemitério diferentes, separados por milhares de anos. É uma oportunidade ímpar para realizar análises genéticas de dezenas de indivíduos. Este é, talvez, um dos cemitérios coloniais mais importantes do Brasil, especialmente por causa da herança cultural africana na região”, comentou Cláudia Cunha, professora de Arqueologia na UFPI.

Referências da notícia:

G1/Jornal Nacional. “Sítio arqueológico com estruturas milenares é encontrado em vila de pescadores na Bahia”. 2024.

Aventuras na História. “Sítio arqueológico com vestígios pré-históricos é descoberto na Bahia”. 2024.

Jornal Correio. “Centenas de fragmentos e 11 ossadas são removidos de sítio arqueológico no Recôncavo”. 2024.