Queimadas: animais estão se adaptando para sobreviver diante destas situações

Os incêndios florestais e queimadas não afetam apenas a qualidade do ar e a saúde das pessoas, mas também colocam em risco a vida animal. E o que esses animais estão fazendo para sobreviver ao fogo e ao calor?

vaca, incêndios
Uma vaca andando próximo das chamas do incêndio Rim, perto do Parque Nacional de Yosemite em Groveland, na Califórnia. Crédito: Noah Berger/EPA.

E voltamos a falar de queimadas e incêndios florestais… A fumaça liberada nessas situações não prejudica apenas a qualidade do ar e a saúde das pessoas, mas também a biodiversidade animal que habita a região. Os animais são colocados em risco de vida pelo fogo e calor, além do que a perda de cobertura vegetal também pode comprometer a fauna, levando à extinção de espécies.

É claro que alguns animais morrem na fumaça e nas chamas, aqueles que não conseguem fugir rápido o suficiente ou encontrar abrigo. Contudo, alguns estão se adaptando de alguma forma para sobreviver ao aumento das queimadas e incêndios florestais ao redor do mundo. Veja aqui algumas dessas adaptações que já foram descobertas por cientistas.

Formas de sobreviver ao fogo

Nosso primeiro exemplo é o Antechinus de patas amarelas (Antechinus flavipes), nativo da Austrália, um pequeno marsupial parecido com um rato, que se esconde em sua toca profunda e rochosa em um estado de torpor até que o fogo se apague.

Outro exemplo é o lagarto-de-gola, nativo do norte da Austrália, que fica fora do alcance das chamas escalando colinas de cupins ou árvores. No entanto, isso pode não funcionar dependendo do incêndio. Se as chamas forem muito altas, podem encurralar o animal e talvez até o atingir, levando à morte.

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Um coiote atravessando a Rodovia U.S. 120, fechada devido ao incêndio Rim perto de Groveland, na Califórnia. Crédito: Noah Berger/EPA.

Nos Estados Unidos, os lagartos-de-cerca-oriental (Sceloporus undulatus) evacuam o local atingido pelas chamas o mais rápido possível, e fazem isso correndo bem mais rápido do que seus pares que vivem em outros lugares. Contudo, ainda não está claro para os cientistas se isso se deve à seleção natural ou se pode haver outro motivo pelo qual os animais se tornam mais rápidos em habitats recentemente queimados.

Outros animais estão se adaptando para sobreviver às consequências do fogo. É o caso dos gafanhotos-pigmeus, que podem ficar com uma coloração toda preta em áreas afetadas por incêndios, provavelmente porque assim eles serão menos óbvios para os predadores, já que se camuflam com o solo.

Incêndios florestais podem causar a morte de animais; contudo não há nenhum registro de caso de incêndio, até mesmo os mais graves, que tenha dizimado toda uma população inteira ou espécie.

Outro exemplo é o corsário de Temminck, uma ave da África subsaariana que faz seu ninho no chão. Todas as fêmeas põem ovos pretos cinzentos que se camuflam perfeitamente com as manchas escuras do solo queimado por incêndios na savana, onde vivem.

Variação genética comprometida

Para que os animais evoluam em resposta a incêndios mais frequentes, a variação genética é crucial. Porém, há indícios que mostram que incêndios mais frequentes ou de maiores dimensões podem comprometer a variação genética. Um exemplo: no sudeste da Austrália, a população da carriça-de-emu-mallee (Stipiturus mallee) está cada vez menor e mais isolada devido aos incêndios, o que as impede de se misturar e faz com que percam sua diversidade genética ao longo do tempo.

canguru, incêndios
Um canguru fugindo do fogo em um incêndio na Austrália, em 31 de janeiro de 2020. Crédito: Matthew Abbott/Agência O Globo.

Muitas espécies podem não ser capazes de se adaptar com a rapidez necessária, então, uma melhor gestão dos incêndios pode desempenhar um papel importante na proteção dos animais nessa nova era ardente que estamos vivendo.

Referência da notícia:

National Geographic. “Como os animais estão se adaptando ao aumento das queimadas e incêndios florestais”. 2024.