Recorde: os 2 maiores raios do mundo que atingiram os EUA e o Brasil
A Organização Mundial Meteorológica anunciou os dois maiores raios do mundo e ambos são nas Américas. O primeiro foi no sul Brasil e o último a ser descoberto atingiu 60 km a mais do que o recorde anterior.
Imagine um raio, ou melhor, um mega raio entre Porto Alegre, a capital gaúcha, até Curitiba, a capital paranaense. A distância entre essas duas capitais é de 742 km, aproximadamente.
O maior raio do mundo é de 768 km cruzou os estados do Mississippi, Louisiana e Texas, nos Estados Unidos no dia 29 de abril de 2020. Veja, é quase a mesma distância entre as capitais brasileiras. Esse foi um dos recordes que a Organização Meteorológica Mundial anunciou no dia 1º de fevereiro.
Esse raio, que ocorreu nos Estados Unidos, é 59 km maior que o raio que percorreu no sul do Brasil em 31 de outubro de 2018, com 709 km.
A América do Sul também tem seu recorde, igualmente anunciado pela OMM. Não é de maior raio, mas do raio mais rápido. No dia 18 de junho de 2020, um único raio percorreu sobre o Uruguai e norte da Argentina em apenas 17 segundos de clarão durante a tempestade.
Essas descobertas foram publicadas no famoso Boletim da Sociedade Meteorológica Americana. O professor Randall Cerveny, responsável pelo setor de Tempo e Clima Extremos da OMM comentou que estes registros são extraordinários e são respostas vivas do poder da natureza. E ainda acrescentou que também é extraordinário o progresso científico em poder fazer tais avaliações.
O prof. Cerveny considerou ser provável que ainda existam extremos ainda maiores e que possamos observá-los à medida que a tecnologia de detecção de raios melhorar.
A OMM revelou sobre o sistema que provoca esses raios e os explicou de uma maneira bem simples. As tempestades se originam dos Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCMs), cuja dinâmica permite a ocorrência de raios extraordinários nas grandes planícies na América do Norte e na bacia do Prata na América do Sul.
O que são os SCMs, responsáveis pelos raios?
Podemos definir os SCMs como aglomerados de nuvens Cumulonimbus (Cb), as maiores nuvens que existem, que produzem chuvas torrenciais, fortes e de, aproximadamente, 100 km de extensão ou até mais. E quando começa essa chuva, ela dura muito, entre 6 a 12 horas.
A pesquisadora brasileira Kellen Carla Lima, professora Adjunta IV na Escola de Ciências e Tecnologia e docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte afirmou em sua pesquisa que os SCMs são os fenômenos meteorológicos mais importantes que causadores de Descargas Elétricas Atmosféricas (DEA).
Os SCMs ocorrem principalmente nas estações quentes, porém podem ocorrer nas estações frias, explica a profa. Lima. Eles se destacam pela difícil previsibilidade e, ainda, por produzirem muita chuva e geralmente acompanhadas de raios.
O renomado especialista em raios e membro do comitê da OMM, Ron Holle, observou que esses eventos de raios extremamente grandes e de longa duração não foram isolados, mas ocorreram sempre durante tempestades ativas.
Termino esse texto com o alerta do pesquisador Holle: "Sempre que você ouvir um trovão vá para um lugar seguro, o raio vem logo em seguida".
Cuide-se! Saudações Meteorológicas!