Relatório da ANA revela que a disponibilidade de água no Brasil pode ser reduzida em 40% até 2040
Novo relatório da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) revela o possível cenário de como as bacias hidrográficas do Brasil estarão daqui a 16 anos!
Na última semana, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou a primeira edição do estudo “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil” com o intuito de responder a seguinte pergunta: como a mudança climática impacta as águas das diferentes regiões do Brasil? A pesquisa foi lançada em uma live da agência que deu início à Jornada da Água 2024, que terá como tema “A Água nos Une, o Clima nos Move.”
Os recursos hídricos estão fortemente conectados com o desenvolvimento econômico, social e ambiental dos países. E com o avanço das sociedades modernas, houve um aumento das necessidades por recursos hídricos, tornando os sistemas hídricos cada vez mais complexos. Vale ressaltar que os impactos projetados variam de acordo com a região do país, porém, concordam com aumentos na temperatura e evapotranspiração.
Assim, a visão acerca dos impactos climáticos no planejamento e, por consequência, no gerenciamento de recursos hídricos consiste em dois aspectos:
- Compreender e avaliar as mais diversas variações ou mudanças sistemáticas no clima;
- Determinação dos impactos adversos decorrentes da mudança nos recursos hídricos, levando em consideração os diferentes setores usuários e quais as estratégias de adaptação que deverão ser definidas para aumentar a segurança hídrica.
Esse estudo indica um cenário com tendência de redução na disponibilidade hídrica para quase todo o País, incluindo grandes centros urbanos e regiões importantes para produção agrícola, como a bacia do rio São Francisco, considerando cenários de curto, médio e logo prazo – respectivamente os períodos de 2015 a 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100.
Bacias hidrográficas do Brasil estão em risco!
Segundo os resultados do relatório, a disponibilidade hídrica pode cair mais de 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Com essa redução, existe uma tendência de aumento do número de trechos de rios intermitentes, aqueles que secam temporariamente, principalmente na região Nordeste. Essas situações demandam preparação e podem afetar a geração hidrelétrica, agricultura e o abastecimento de água nas cidades vizinhas.
Para a disponibilidade hídrica, observa-se um comportamento similar ao da precipitação, com tendência de diminuição da vazão para a maior parte das regiões hidrográficas, exceto nas regiões Uruguai e Atlântico Sul. Ou seja, o Sul possui uma tendência de aumento da disponibilidade hídrica em até 5% até 2040, mas com uma maior imprevisibilidade e um aumento da frequência de cheias e inundações, como vem ocorrendo nos últimos anos.
As regiões hidrográficas localizadas no Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste tenderão a sofrer com maior escassez hídrica. Isso poderá se intensificar com o passar do tempo e na medida que os níveis de emissão de gases de efeito estufa aumentam, e, por consequência, a temperatura se eleva no Brasil.
O Sudeste ainda apresenta certa divergência entre os resultados dos modelos, mas predomina, sobretudo na faixa litorânea, a tendência de redução nas vazões em função da mudança climática, ocasionando a diminuição da disponibilidade de água nas bacias hidrográficas do Sudeste.
O risco de escassez de água deverá aumentar devido a reduções na disponibilidade dessas regiões, notadamente nas regiões semiáridas, afetando o abastecimento de água nas cidades, a geração de energia hidroelétrica e com impactos particularmente para a agricultura de subsistência.
Agravamento da seca em quase todas as regiões
Segundo a última atualização do Monitor de Secas, a região Nordeste apresentou anomalias negativas de precipitação e consequente piora nos indicadores, com avanço de seca no centro-sul do estado da Bahia e sul do Piauí. Mas por outro lado, houve melhora dos indicadores da seca no centro-norte do Piauí em comparação com o mês anterior.
No Sudeste também houve piora dos indicadores em grande parte de Minas Gerais, e surgimento de seca fraca no noroeste e norte de São Paulo. O pior cenário foi observado na região Centro-Oeste, com agravamento da seca em nível excepcional no oeste do Mato Grosso, além do avanço da seca no Mato Grosso do Sul e em Goiás. Devido a permanência das anomalias negativas de precipitação, a região Norte apresentou avanço da seca, mas por outro lado, houve recuo da seca no estado do Amazonas.
Em contextos de grandes incertezas, como é o caso do impacto da mudança climática nos recursos hídricos, deve-se buscar soluções com duas grandes características: que sejam robustas para lidar com os mais diferentes e possíveis cenários futuros e que sejam flexíveis o suficiente para possibilitar mudanças de rumo na medida que determinado cenário vá se concretizando.
Referência da notícia
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). ANA lança estudo sobre impactos da mudança climática nos recursos hídricos das diferentes regiões do Brasil.