Reservatórios do Brasil começam a apresentar sinais de melhora

Com o grande volume de chuvas registrado principalmente no início de 2022, muitos reservatórios de abastecimento e geração de energia do Brasil começaram a se recuperar após um dos piores cenários hídricos em décadas registrado no ano passado.

crise hídrica
Muitas usinas hidrelétricas recuperaram seus reservatórios de armazenamento, aumentando sua capacidade de gerar energia em 2022. Foto: Divulgação/Usina Hidrelétrica de Mauá.

Esse verão tem sido bem chuvoso em grande parte do Brasil. Nos meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 muitas regiões registraram acumulados de precipitação acima do esperado, principalmente no Centro-Norte do país. As chuvas em excesso causaram grandes prejuízos em algumas localidades, como em Minas Gerais e sul da Bahia, porém, elas também trouxeram grande alívio a outras regiões que estavam sob uma situação hídrica crítica!

Anomalias de chuvas registradas no Brasil no mês de dezembro de 2021 (à esquerda) e janeiro de 2022, até o dia 24 (à direita). Fonte: CPTEC/INPE.

Um dos principais fenômenos climáticos responsáveis por esses excesso de chuvas no Centro-Norte do Brasil é a La Niña, mas outros sistemas meteorológicos também tem contribuído com as chuvas, como a Oscilação de Madden-Julian e as formações de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Já o sul das regiões Centro-Oeste, Sudeste e toda a região Sul tem registrado acumulados abaixo da média. Porém, algumas precipitações locais volumosas têm ocorrido nessas regiões, devido a formação de ciclones próximos à costa e ao próprio calor e umidade característicos dessa época do ano.

Reservatórios de abastecimento voltaram a se recuperar

Janeiro trouxe muitos temporais para o estado de São Paulo, essas chuvas fizeram com que o Sistema Cantareira, o maior fornecedor de água para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) que abastece cerca de 6,9 milhões de pessoas, finalmente começasse a se recuperar.

Apesar da recuperação observada em janeiro, o estado de São Paulo precisaria de semanas de chuva acima da média para ter uma situação hídrica mais confortável para os meses secos. Cenário pouco provável de acordo com as previsões dos modelos.

O sistema fechou o ano de 2021 com armazenamento de apenas 24,9% de sua capacidade, o que colocava o sistema em fase de restrição, hoje o sistema está com 30,2%, colocando-o em fase de alerta, registrado pela última vez em setembro de 2021.

Juntos, os sete sistemas que abastecem a RMSP totalizam 46,1% da capacidade de armazenamento de água. Essa situação é um pouco mais confortável, porém ainda muito longe do ideal.

Atual situação de armazenamento dos sistemas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. Fonte: SABESP.

No Paraná, após quase dois anos, o rodízio no abastecimento de água na região metropolitana de Curitiba finalmente foi encerrado! Isso ocorreu após os reservatórios que compõem o Sistema de Abastecimento Integrado (SAIC) atingirem um nível médio de 80,34% da capacidade. Em novembro de 2020 o nível médio chegou a 26,7%.

Depois das chuvas volumosas no começo desse ano, os principais reservatórios da região metropolitana de Belo Horizonte, Várzea das Flores, Rio Manso e Serra Azul, atingiram 100% da capacidade. No Distrito Federal os reservatórios de Descoberto e Santa Maria, que juntos atendem cerca de 90% do consumo de água no DF, apresentaram armazenamento de 100% e 96%, respectivamente.

Geração Hidrelétrica

Desde dezembro os reservatórios das usinas hidrelétricas de grande parte do Brasil começaram a se recuperar, após configurarem a pior situação hídrica do Brasil dos últimos 91 anos em setembro de 2021.

O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por cerca de 70% da geração de energia do Brasil, que em setembro de 2021 registrou um nível de armazenamento médio de seus reservatórios de apenas 17,1%, agora registra 39,4%. Esse é o maior patamar registrado pelo subsistema desde o mês de agosto de 2020, quando foi registrado 42% de armazenamento.

Além do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os subsistemas Norte e Nordeste também estão em uma situação um pouco mais confortável do que o registrado na mesma data do ano anterior, com 86,4% e 73,5% de armazenamento, respectivamente. Porém, o armazenamento do subsistema Sul vem apresentando uma queda desde o início do ano e está abaixo do valor registrado na mesma data de 2021, com 36,9%.