Reviravolta na produção de laranjas: o papel do clima na safra de 2024

A safra de laranjas 2024/25 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, maior região produtora do Brasil, está se tornando um marco para a agricultura brasileira. Com a reestimativa de 223,14 milhões de caixas de 40,8 kg, a produção superou em 3,4% as projeções feitas em setembro.

Os desafios enfrentados ao longo do ano foram significativos, começando com uma seca prolongada e culminando em uma floração inesperada que alterou as previsões iniciais. Vamos entender como o clima, as floradas e as inovações moldaram essa safra e o que isso significa para o mercado e para o consumidor.

A importância das chuvas no desenvolvimento da safra

Após 11 meses de seca, os meses de outubro e novembro de 2024 trouxeram chuvas volumosas, com acumulados de 368 mm no período, revertendo o déficit hídrico que afetava os pomares. Esses volumes foram cruciais para revitalizar as árvores e garantir o desenvolvimento dos frutos, especialmente da chamada "quarta florada". Essa floração, que ocorreu de forma tardia, aumentou a quantidade de frutos por árvore e, consequentemente, o volume total produzido.

Apesar do crescimento proporcionado pelas chuvas, os frutos da quarta florada apresentam peso menor do que os das floradas anteriores, uma vez que ainda estavam em estágio inicial de maturação. Essa característica adiciona complexidade ao processo de colheita e ao planejamento logístico dos agricultores.

Floradas e qualidade das laranjas

A safra atual é marcada por quatro floradas, cada uma com sua contribuição específica para o volume total. As primeiras três floradas somaram 202,91 milhões de caixas, enquanto a quarta adicionou 20,23 milhões – uma diferença significativa em relação às estimativas iniciais.

Além disso, o peso médio dos frutos foi revisado para 156 gramas, ligeiramente acima das previsões feitas em setembro. A variedade Pera Rio, por exemplo, se destacou com frutos mais pesados, enquanto as variedades Natal e Valência registraram ajustes para baixo. Ainda assim, a qualidade geral das laranjas permanece alta, com os frutos atendendo aos padrões de mercado.

Desafios do manejo e impactos na produção

O aumento na produção trouxe também desafios significativos, como a maior taxa de queda de frutos, que subiu para 19%. Esse índice reflete a influência de fatores como o greening, uma doença que afeta a produtividade, e as operações mecanizadas nos pomares, incluindo a poda. A quarta florada também contribuiu para esse aumento, já que prolongou o período de colheita e intensificou as perdas.

Com cerca de 80% da safra já colhida, as variedades precoces, como Hamlin, Westin e Rubi, registraram quase 97% de conclusão, enquanto as variedades mais tardias, como Valência e Natal, ainda apresentam volumes consideráveis a serem recolhidos.

O que isso significa para o consumidor?

Para o mercado consumidor, a safra 2024/25 traz boas notícias: maior disponibilidade de laranjas e possibilidade de preços competitivos. No entanto, a qualidade pode variar conforme o período de compra, especialmente com a entrada das laranjas da quarta florada. A previsão de continuidade das chuvas até março de 2025 deve beneficiar o desenvolvimento dos frutos que ainda estão nas árvores.

Além disso, as perspectivas para o setor industrial são positivas, com o processamento de sucos em alta e a expectativa de exportação sólida. As laranjas brasileiras continuam a se destacar pela qualidade no mercado global, consolidando o país como um dos maiores produtores e exportadores.