"Rio de fumaça" continua sobre o Brasil: fumaça dos incêndios inunda os céus do país e chega às regiões Sul e Sudeste
Numerosos focos de incêndio, agravados pelo padrão de bloqueio estabelecido atualmente no Brasil, produzem grandes quantidades de fumaça que são levados pelo país. A qualidade do ar nos grandes centros do Sul e do Sudeste é muito ruim.
Grande parte do Brasil vive uma situação alarmante de focos de incêndio e péssima qualidade do ar. Tradicionalmente, nesta época do ano, temos o maior número de eventos de queimadas, pois o inverno vai chegando ao fim e as temperaturas vão se elevando, ao mesmo tempo em que as chuvas ainda são muito escassas em grande parte do Brasil.
As queimadas não são apenas prejudiciais ao local onde ocorrem, destruindo fauna, flora e comprometendo a qualidade do ar nas regiões próximas: a circulação atmosférica pode levar a fumaça proveniente delas até lugares bastante distantes, agravando os níveis de poluição de lugar a centenas ou até milhares de quilômetros de distância dos focos dos incêndios.
Os poluentes gerados pelas queimadas, suas trajetórias e impactos para a saúde
As áreas do país com maior número de focos, frequentemente, são as áreas ao sul dos estados do Amazonas, Pará, e o estado de Rondônia. Na tarde desta terça-feira (03/09), não é diferente. E um dos principais compostos lançados na atmosfera por estas queimadas é o monóxido de carbono. Este gás é prejudicial à saúde humana, podendo provocar desde dor de cabeça, enjoos e tontura, no caso de inalação moderada, até falhas na respiração em casos mais graves.
Além do monóxido de carbono, as queimadas também geram o chamado "material particulado" (MP), partículas de poeira e materiais sólidos e líquidos que ficam em suspensão na atmosfera. O MP pode ser dividido em duas categorias, de acordo com o tamanho das partículas que constituem esse poluente: quando as partículas têm tamanho menor do que 2,5 milionésimos de milímetros, dá-se o nome de MP2.5, e quando as partículas tem tamanho entre 2,5 e 10 milionésimos de milímetros, são chamadas de MP10.
A fumaça constituída principalmente de MP10 tem um impacto um pouco menor na saúde humana, mas ainda assim penetra profundamente nos pulmões e pode causar sérias consequências respiratórias. Já o material MP2.5 é ainda mais perigoso, pois por ser mais fino, ele pode não ficar apenas concentrado nos pulmões, mas entrar na corrente sanguínea humana e trazer também graves complicações cardiovasculares e em outros órgãos.
Nos próximos dias, esta condição deve se manter e até mesmo se agravar, devido à persistência do tempo quente e seco no Brasil Central. A passagem de uma frente fria pelo Sul deve melhorar um pouco a condição do ar entre quinta e sexta-feira, mas Sudeste e Centro-Oeste terão ao longo de toda a semana valores muito elevados de poluentes e qualidade do ar que deve oscilar entre ruim e péssima.
Se você mora em alguma região afetada pela pluma de fumaça, e principalmente nos grandes centros urbanos como a cidade de São Paulo (onde a pluma se mistura à poluição local, causando um cenário ainda mais crítico), as principais recomendações são: manter-se hidratado (é importante beber muita água!), evitar atividades físicas desgastantes ao ar livre e, se possível, utilizar máscaras (PFF2 e PFF3, capazes de filtrar as partículas de menor tamanho).