Rio Grande do Sul entre extremos: Incêndios e tempestades
Uma estiagem prolongada junto a uma onda de calor histórica triplicou o número de focos de incêndio no Estado, enquanto tempestades localizadas nos últimos dias causaram estragos amplos e deixaram municípios em estado de emergência.
De geadas a uma onda de calor acentuada, passando por tempestades destruidoras e incêndios florestais no meio do caminho, o Estado do Rio Grande do Sul tem enfrentado um número de extremos meteorológicos nos últimos dias.
2022 se iniciou com um período de estiagem prolongada que se estendeu também até o Uruguai e a Argentina. Na serra gaúcha, foram registradas temperaturas acima de 40°C já nos primeiros dias do ano, quebrando recordes históricos de temperatura máxima em diversos municípios.
Onda de calor e Incêndios florestais assolam parte do RS
Um dos principais impactos da estiagem e das altas temperaturas foi um aumento acentuado no número de incêndios florestais. Nos próximos dias, o Estado deve atingir a marca de 2000 focos de incêndio detectados, mais que o triplo do normal para essa época do ano.
De acordo com associações agrícolas de Alegrete e Uruguaiana, fazia décadas que a região não enfrentava uma situação tão drástica em termos de queimadas. Milhares de hectares já foram queimados, e algumas fazendas chegaram a perder até 90% de sua área, acentuando a quebra de produção agrícola no Estado.
Ainda houve um fator agravante: Estações meteorológicas gaúchas chegaram a indicar valores extremamente baixos de umidade relativa, inferiores a 10% em algumas cidades. Com um clima extremamente seco na região, a amplitude térmica foi alta o suficiente para que alguns locais registrassem geada e temperaturas próximas a 0°C durante a manhã e picos de calor acima dos 40°C durante a tarde.
Tempestades intensas causam danos no RS
Em contraste ao calor e ao tempo seco, também houve a passagem de sistemas frontais sobre o Estado que, impulsionados pelo calor, causaram tempestades mais intensas que o normal nos municípios ao leste. Logo na primeira semana do ano, Porto Alegre recebeu, em apenas um dia, o acumulado total de chuva esperado para o mês inteiro.
Nos últimos dias, com o aumento do fornecimento de umidade para a região, a instabilidade atmosférica também começou a impulsionar tempestades localizadas e altamente destrutivas. Em Quaraí, uma microexplosão causada por tempestade derrubou árvores e destelhou galpões e estabelecimentos comerciais. No extremo sul Gaúcho, trombas d’água (tornados formados sobre a água) foram registrados em meio a nuvens de tempestades com grande desenvolvimento vertical.
Já na região da grande Porto Alegre, tempestades causaram alagamentos generalizados, quedas de árvores e de postes de energia, bloqueio de ruas e estradas, destelhamentos e colapsos de estruturas no início da semana. Mais de 200 mil pontos do Estado ficaram sem fornecimento de energia elétrica, muitos deles ainda continuam sem energia nesta terça-feira (18).
A cidade de Guaíba foi particularmente abalada pelo tempo severo. A microexplosão que atingiu a região foi tão intensa que chegou a tombar caminhões na estrada BR-116 e estraçalhar vidros em carros, prédios e residências ao redor de todo o município. Casas, igrejas e escolas ao redor da cidade foram destruídas pela tempestade.
A cidade não possui estações meteorológicas, mas estimativas indicam que os ventos passaram dos 100 km/h. Autoridades locais decretaram estado de emergência na cidade.
O que esperar para os próximos dias?
A região segue sob alerta de tempo severo. Há risco de chuva intensa, ventos destrutivos e queda de granizo. O tempo severo pode causar corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos. Ainda assim, as tempestades localizadas significam que muitos municípios do Estado podem permanecer sem chuva e continuar sofrendo com o calor excessivo.
Em caso de tempo severo, não se abrigue debaixo de árvores, pois há risco de queda e de descargas elétricas. Não estacione veículos em regiões próximas a torres de transmissão, placas de propaganda ou estruturas altas. Se possível, desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia. Caso necessário, contate a Defesa Civil (telefone 199) ou o Corpo de Bombeiros (telefone 193).