Rios da Europa secam: efeito da possível maior seca dos últimos 500 anos
Sem chuvas significativas registradas por quase dois meses no oeste, centro e sul da Europa e nenhuma previsão no futuro próximo, os especialistas dizem que a seca pode se tornar a pior do continente em mais de 500 anos.
Diante da intensa onda de calor que atingiu a maior parte da Europa, a seca está reduzindo o nível dos rios de modo que vem prejudicando a indústria, os meios de transporte e a produção de alimentos.
Impulsionados pelos extremos de temperatura, inverno e primavera excepcionalmente secos, seguidos por repetidas ondas de calor, as vias navegáveis essenciais da Europa estão cada vez mais superaquecidas.
As mudanças climáticas estão agravando as condições à medida que as temperaturas mais quentes aceleram a evaporação, as plantas sedentas absorvem mais umidade e a queda de neve reduzida no inverno limita o suprimento de água fresca disponível para irrigação no verão.
A Europa não está sozinha na crise, com condições de seca também relatadas na África Oriental, no oeste dos Estados Unidos e no norte do México. O Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia alertou que as condições de seca irão piorar e afetar potencialmente 47% do continente.
Segundo Andrea Toreti, pesquisador do Observatório Europeu da Seca, a seca de 2018 foi tão extrema que não houve eventos semelhantes nos últimos 500 anos , mas este ano é realmente pior.
Na Itália, um dos maiores rios do país, o rio Po, caiu para um décimo da sua taxa normal, e os níveis de água estão 2 metros abaixo do normal. Sem chuvas constantes desde novembro, a produção de milho e arroz foi duramente atingida na região.
Por outro lado, os baixos níveis de rios e altas temperaturas da água podem ser fatais para muitas espécies. Na Baviera, o Danúbio atingiu 25°C na semana passada e pode atingir 26,5°C em meados do mês, o que significa que seu teor de oxigênio cairia drasticamente, sendo fatal para espécies de truta.
Na Noruega, que depende de energia hidrelétrica para cerca de 90% de sua geração de eletricidade, os níveis excepcionalmente baixos de seus reservatórios podem obrigá-la a limitar as exportações de energia.
Na França, o governo montou uma equipe de crise para enfrentar uma seca histórica que deixou mais de 100 municípios sem água potável. O gabinete do primeiro-ministro disse que foi a pior seca já registrada na França.
A onda de calor que assola a França desde junho, fez com que árvores e arbustos perdessem suas folhas mais cedo, criando cenas que parecem outonais. A irrigação foi proibida em grande parte do noroeste e sudeste da França para economizar água.
Segundo especialistas, a mudança climática diminui as diferenças de temperatura entre regiões, diminuindo as forças que impulsionam a corrente de jato, que normalmente traz as propriedades úmidas do Atlântico para a Europa.
Uma corrente de jato mais fraca ou instável pode resultar em uma corrente de ar excepcionalmente quente vindo do norte da África para a Europa, levando a períodos prolongados de calor. O inverso também é verdadeiro, quando um vórtice polar de ar frio do Ártico pode causar condições de congelamento bem ao sul de onde normalmente chegaria.
O meteorologista Hoffmann ainda afirma que, as observações nos últimos anos estiveram no limite superior do que os modelos climáticos tinham previsto.
A Agência Governamental, que monitora os níveis, diz que a maré baixa atual pode ser apenas parte de um padrão normal. Entretanto, eles observam que tais eventos estão se tornando mais intensos como resultado das mudanças climáticas, eles ainda afirmam que a situação vai piorar na segunda metade deste século.