Nesta sexta-feira, 11 de agosto, a Rússia retorna à Lua com sua primeira missão espacial desde 1976

A missão Luna 25 representa o primeiro voo russo à Lua desde 1976. O módulo lunar, que ficará por um ano no polo sul do satélite, será lançado quatro semanas após a Índia ter mandado sua sonda Chandrayaan-3 à mesma região.

módulo russo Luna-25 na Lua
Representação do módulo russo Luna-25 na Lua. Crédito: NASA.

A Agência Espacial Federal da Rússia (Roscosmos) já havia anunciado o lançamento de um módulo de pouso lunar. A missão, chamada Luna 25, que foi adiada algumas vezes desde 2021, representa o primeiro voo russo à Lua em quase meio século (desde 1976).

A espaçonave será lançada do cosmódromo de Vostochny, em Amur Oblast, a cerca de 5 mil quilômetros de Moscou, às 2:10h da madrugada desta sexta-feira (11), horário de Moscou (20:10h da noite de quinta-feira (10), horário de Brasília), com pouso no polo sul do nosso satélite natural.

Engenheiros já montaram um foguete Soyuz no cosmódromo de Vostochny, em Amur Oblast. Autoridades afirmaram que moradores locais vão ser evacuados do vilarejo de Shakhtinsky, já que é a área onde os propulsores do foguete devem cair depois da separação.

Isso ocorre quatro semanas após a Índia ter enviado sua sonda Chandrayaan-3, que deve pousar no polo sul lunar em 23 de agosto. A disputa entre a Rússia e a Índia por essa região é por que ela é considerada valiosa, podendo haver quantidades significativas de gelo, bem como água para uma futura presença humana na Lua.

Uma aterrissagem pioneira

A empresa aeroespacial russa NPO Lavochkina, que construiu o módulo Luna-25, disse que ele deverá ser “o primeiro no mundo a realizar um pouso suave na superfície da Lua na região do polo sul e realizar estudos de contato do solo lunar para a presença de gelo no local de pouso".

Luna-25 é muito diferente dos exploradores lunares anteriores russos, já que a maioria dos pousos ocorre perto do equador. "As estações lunares soviéticas realizaram pousos lunares na zona equatorial; a nova estação proporcionará pela primeira vez um pouso suave na região circumpolar em terreno acidentado”, afirmou a NPO Lavochkina.

Como será a missão Luna 25

São três possíveis locais de pouso na região lunar. Mas a espaçonave deve pousar perto da cratera Boguslavsky, em uma "área de reserva" que fica a sudoeste da cratera Manzini, e ficará de 5 a 7 dias em órbita antes de pousar.

Módulo de pouso lunar Luna-25
Módulo de pouso lunar Luna-25 da Rússia. Crédito: NPO Lavochkina.

Seu cronograma sugere que a missão pode se igualar ou superar a da Índia na Lua. A Chandrayaan-3 deve realizar experimentos por duas semanas, enquanto a Luna-25 ficará por um ano na superfície lunar. "Não há perigo de que elas se interfiram ou colidam. Há espaço suficiente para todos na Lua", afirmou a Roscosmos.

O módulo de pouso sobre quatro 'pernas' tem uma massa de 1,8 toneladas, carrega consigo 31 kg de equipamentos científicos, e fará coletas de amostras de rocha de até 15 cm de profundidade, para testar a presença de água congelada que poderia sustentar a vida humana. “A Luna-25 terá que praticar pouso suave, coletar e analisar amostras de solo e conduzir pesquisas científicas de longo prazo”, disse a Roscosmos.

O lançamento já era para ter ocorrido

O lançamento da missão Luna-25 estava planejado para outubro de 2021. A Agência Espacial Europeia (ESA) planejava testar sua câmera de navegação conectando-a ao do módulo lunar russo, mas rompeu os laços com o projeto depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.

Cosmódromo de Vostochny, em Amur Oblast, Rússia
Cosmódromo de Vostochny, em Amur Oblast, Rússia. Crédito: Roscosmos.

A ESA disse ainda que não vai cooperar com nenhuma das futuras missões russas Luna-26 e 27. Mas a Rússia afirmou na época que ia seguir em frente com seus planos lunares e que substituiria o equipamento da ESA por outro fabricado em território russo.

Vladimir Putin, atual presidente da Rússia, chegou a declarar que a antiga União Soviética levou o primeiro homem ao espaço em 1961 mesmo sob sanções totais. “Somos guiados pela ambição de nossos ancestrais de seguir em frente, apesar de quaisquer dificuldades e quaisquer tentativas externas de nos impedir este movimento”, disse ele.