Safra de cana será a segunda maior da história, segundo CONAB, mas queimadas ameaçam produção em São Paulo
A safra de cana-de-açúcar 2024/25 promete ser uma das maiores já registradas, segundo a Conab, mas as queimadas em São Paulo colocam em risco parte significativa dessa produção
A safra de cana-de-açúcar 2024/25 está projetada para ser a segunda maior da história do Brasil, com uma produção total estimada em 689,8 milhões de toneladas, destaca o ultimo relatório da CONAB. Apesar de uma redução de 3,3% em comparação à safra anterior, esse número ainda é significativo e reflete a robustez e a importância do setor sucroenergético para a economia brasileira e global. Essa leve queda na produção pode ser explicada principalmente pelas adversidades climáticas enfrentadas, especialmente na Região Centro-Sul, onde as condições de seca e as altas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento ideal das lavouras.
Mesmo diante desse cenário desafiador, houve um aumento de 3,5% na área de colheita, totalizando 8,63 milhões de hectares. Isso demonstra o esforço contínuo dos produtores em expandir a área cultivada, na tentativa de mitigar as perdas de produtividade.
Esse declínio é considerável, principalmente quando comparado à safra anterior, que foi recorde em termos de produtividade. Ainda assim, o Brasil mantém sua posição de liderança mundial na produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol, o que reforça a importância do país no cenário global dessas commodities.
O aumento na área colhida é um reflexo direto da busca por otimização e eficiência na produção, mesmo em face de condições climáticas adversas. Essa expansão, no entanto, não foi suficiente para compensar as perdas causadas pela menor produtividade, especialmente nas regiões mais afetadas pela seca. A Região Nordeste, por outro lado, apresentou melhores condições climáticas, o que resultou em um desenvolvimento mais robusto das lavouras de cana-de-açúcar, oferecendo um contraponto às dificuldades enfrentadas no Centro-Sul.
Impacto das queimadas em São Paulo
Além dos desafios climáticos, as queimadas recentes no estado de São Paulo representam um novo obstáculo significativo para a safra 2024/25. Desde o final de agosto de 2024, o estado tem registrado um aumento alarmante nos focos de incêndio, especialmente em áreas de canaviais.
Nos primeiros dias de setembro, foram detectados, em média, 92 focos de incêndio por dia apenas em áreas de cana-de-açúcar, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esses incêndios, que ocorrem frequentemente em áreas onde a cana já foi colhida, têm o potencial de comprometer seriamente tanto a quantidade quanto a qualidade da produção.
As queimadas são particularmente preocupantes porque São Paulo é responsável por mais da metade da cana processada no Brasil e por 44% da produção nacional de etanol. A combinação de altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ventos fortes cria um ambiente altamente favorável para a propagação do fogo. Como resultado, o governo estadual decretou estado de emergência em várias cidades, e as autoridades estão em alerta máximo para evitar que o fogo se espalhe ainda mais, especialmente em áreas residenciais e industriais.
Esses incêndios não apenas ameaçam a produção agrícola, mas também afetam a logística e a segurança nas regiões impactadas. Rodovias têm sido fechadas, e comunidades inteiras foram colocadas em alerta devido ao risco de o fogo atingir áreas habitadas.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e outras entidades do setor estão trabalhando intensamente para mitigar os efeitos desses incêndios, mas o impacto já causado pode levar a uma redução ainda maior na produção final da safra.
A safra 2024/25 de cana-de-açúcar no Brasil será marcada por uma série de desafios, desde as condições climáticas desfavoráveis até os impactos devastadores das queimadas em São Paulo. No entanto, o setor continua a demonstrar resiliência e capacidade de adaptação, mantendo sua posição de liderança global e buscando estratégias para mitigar os efeitos negativos e garantir uma produção eficiente e competitiva.
Mesmo diante de tantas adversidades, a expectativa é de que o Brasil continue a ser um dos principais protagonistas no mercado global de açúcar e etanol, fornecendo essas commodities essenciais para o mundo