Recorde: São Paulo capital registra a maior sequência histórica de dias com máxima acima de 30°C

São Paulo registrou 27 dias consecutivos com temperaturas acima de 30°C, quebrando o recorde histórico na cidade, e culminando em uma tempestade violenta no último dia 12.

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Durante essa sequência de dias acima de 30°C, a capital paulista também registrou outros três recordes: a maior temperatura do verão de 2024/25, maior temperatura do ano e a maior temperatura já registrada em um mês de Março, de 34,8°C, no dia 02. Créditos: Arquivo pessoal/Maria Nunes.

O ano de 2025 vem quebrando diversos recordes de temperatura, tanto a nível global quanto regional. Globalmente, Janeiro de 2025 foi o mais quente da história, enquanto Fevereiro foi o terceiro mais quente, impulsionado por uma bolha de calor extremo na região da Argentina, que afetou diretamente o Brasil.

Neste contexto, a cidade de São Paulo registrou um novo recorde de calor ao atingir 27 dias consecutivos com temperaturas máximas acima de 30°C, entre os dias 15 de Fevereiro e 13 de Março de 2025. Essa é a mais longa sequência já registrada na capital paulista desde o início das medições.

Calor histórico na capital paulista

Até então, o recorde anterior era de 26 dias, registrado entre Janeiro e Fevereiro de 2014. A nova marca de 27 dias consecutivos com temperatura máxima acima de 30°C reforça a tendência de aumento nas temperaturas observada nos últimos anos e levanta alertas sobre os impactos das ondas de calor prolongadas na população e no meio ambiente.

No gráfico abaixo são mostradas as 10 sequências mais longas com temperaturas acima de 30°C na cidade de São Paulo, com base nos dados das estações meteorológicas convencional e automática do Mirante de Santana do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), na zona norte da capital.

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Top 10 sequências mais longas de dias com temperatura máxima acima de 30°C na cidade de São Paulo, de acordo com as estações automática e convencional do Mirante de Santana/INMET.

Além do recorde em si, também chama atenção que entre as 10 maiores sequências da história da cidade de São Paulo, apenas 3 delas aconteceram antes de 2014:

  • 21 dias entre 19 de Janeiro e 08 de Fevereiro de 1971;
  • 21 dias entre 18 de Janeiro e 07 de Fevereiro de 1998;
  • 19 dias entre 19 de Dezembro de 1997 e 06 de Janeiro de 1998.

Todas as outras 7 sequências recordes ocorreram na última década, entre 2014 e 2025, culminando no recorde absoluto de 27 dias. As três primeiras sequências são:

  • 27 dias entre 15 de Fevereiro e 13 de Março de 2025;
  • 26 dias entre 20 de Janeiro e 14 de Fevereiro de 2014;
  • 23 dias entre 20 de Dezembro de 2016 e 11 de Janeiro de 2017.

Analogamente, é como se praticamente um mês inteiro de Fevereiro (que tem 28 dias) ficasse acima de 30°C.

Onda de calor e tendência de aumento das temperaturas

O calor intenso que dominou São Paulo nesse período esteve associado a um sistema de alta pressão que inibiu a formação de nuvens e precipitação, favorecendo a permanência do calor.

A temperatura média máxima ao longo destes 27 dias foi de 32.59°C e em comparação com as normais climatológicas do INMET isso representa:

  • 3,59 acima da média histórica de Fevereiro, que é de 29°C;
  • 4,59 acima da média histórica de Março, que é de 28°C.

Essas informações estão reunidas no gráfico abaixo, que mostra as temperaturas máximas registradas na estação automática do Mirante de Santana ao longo da sequência de 27 dias (barras vermelhas), juntamente com temperatura máxima média para Fevereiro (linha verde) e para Março (linha azul).

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Temperatura máxima observada na estação automática Mirante de Santana (INMET) durante o período de 27 dias (barras vermelhas) e máximas médias para Fevereiro (linha verde) e Março (linha azul).

Ou seja, as temperaturas não apenas ficaram acima de 30°C durante uma sequência recorde de dias: elas ficaram muito acima da média! A ocorrência de ondas de calor prolongadas tem se tornado mais frequente devido às mudanças climáticas globais, que elevam a temperatura média do planeta e intensificam eventos extremos.

Impactos e desafios para a cidade

Ondas de calor têm impactos significativos na saúde pública, com o agravamento de doenças cardiorrespiratórias, no consumo de energia e na qualidade de vida da população. Além disso, outra consequência de temperaturas elevadas é o maior potencial para tempestades severas, uma vez que a energia extra (calor) precisa ser redistribuída na atmosfera.

No dia 12 de Março, São Paulo foi atingida por uma tempestade violenta, com queda de granizo e rajadas de vento que superaram os 60 km/h nas estações meteorológicas. De acordo com os estragos provocados, este valor pode ter sido largamente ultrapassado em regiões onde não há monitoramento.

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Carro destruído por queda de árvore de grande porte no dia 12 de Março. Créditos: Reprodução/Metsul.

Foi registrada pelo menos 1 morte, relacionada à queda de uma das árvores mais antigas da cidade sobre um carro. Mais de 150 mil pessoas ficaram sem energia elétrica e centenas de árvores e estruturas foram derrubadas com o vento.

É possível que tenha ocorrido uma "microexplosão atmosférica", um fenômeno meteorológico caracterizado por uma forte corrente de ar descendente (para baixo) que atinge a superfície terrestre. Esse ar descende rapidamente das nuvens e, ao atingir o solo, se espalha para fora em várias direções.

Ondas de calor e tempestades severas estão se tornando cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global, exigindo medidas de adaptação para que os danos sejam minimizados.