Se aproxima da Terra o "caos climático"?
Se não mudarem as políticas ambientais, é bem possível que sim. Foi isto que concluiu um estudo com cientistas de primeira linha a nível internacional. A temperatura média global poderia atingir até 4ºC em 2100.
Enquanto os países hesitam na aplicação de medidas diante do aquecimento global, a Terra poderia estar se aproximando a gigantescos passos do "caos climático", de acordo com um recente estudo publicado em Nature. "Sob as políticas atuais do governo mundial, nos dirigimos aos 3 ou 4ºC de aquecimento por cima dos níveis pré-industriais", adverte o professor Nick Golledge do Centro de Investigação Antártica da Universidade Victoria de Wellington na Nova Zelândia. Este cenário aceleraria o derretimento na Groenlândia e na Antártica, levando uma grande quantidade de água para os oceanos até a Terra, e que poderiam alterar o seu comportamento. "Causará interrupções significativas nas correntes oceânicas e poderá alterar os níveis de aquecimento no mundo todo", avisou Golledge.
Nick Golledge é o líder da equipe de investigação internacional de cientistas do Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Os efeitos enumerados não são novos, porém mais graves. O estudo duplica o incremento previsto da temperatura média global, 2ºC que é o objetivo "político" em 2100 para aproximadamente 4ºC, e enfatiza um "grande aumento" do nível do mar. O estudo é baseado em simulações muito detalhadas que partem do atual ritmo de fusão do gelo. Para isto, recorreram a observações de satélite que permitem, de acordo com os especialistas, realizar previsões mais confiáveis e precisas do que acontecerá se continuarem as atuais políticas climáticas.
As simulações sugerem que o aumento do nível do mar será muito grave com o passar dos anos, especialmente a partir de 2065. As camadas do gelo que estão derretendo afetarão também, a temperatura da água e os padrões de circulação dos oceanos, e isto terá efeitos na troposfera. Por exemplo, no Atlântico Norte a Corrente do Golfo ficará debilitada significativamente, aumentando as temperaturas no Ártico, no este do Canadá e na América Central, esfriando o oeste da Europa. Por sorte, os cientistas coincidem em que ainda estamos a tempo de endireitar a rota. "Se reduzimos drasticamente as emissões, podemos limitar os impactos futuros", disse Golledge.
Os dados de 2018 estão preocupando a comunidade científica
Há alguns dias atrás, a agência norte-americana NOAA batizou o ano de 2018 como o quarto mais quente na Terra dentro de uma série histórica de 139 anos. Ficou por trás dos anos de 2016 (o mais cálido), de 2015 (o segundo mais cálido) e de 2017 (o terceiro). Esta classificação está avaliada pela NASA, pela britânica Met Office e pela Organização Meteorológica Mundial. Já são 42 países consecutivos com uma temperatura global superior a média, desde 1977. E nove dos dez anos mais quentes, ocorreram desde 2005.