Seca extrema na Amazônia afeta mais de 420 mil crianças, afirma Unicef
Eventos climáticos extremos no Brasil, Colômbia e Peru impactam o acesso de crianças à educação, alimentos e serviços básicos. Mais de 1,7 mil escolas brasileiras estão fechadas ou inacessíveis!
Embora alguns rios do Norte tenham registrado uma ligeira melhora nos níveis, como o caso do rio Negro, o cenário ainda é preocupante. Mesmo com essa melhora, a recuperação deverá ser lenta em toda a Região Norte, já que as chuvas ficaram abaixo da média histórica para o período no mês de outubro.
Crianças já estão sendo afetadas pela seca que atinge a Amazônia
A seca histórica, que persiste desde o ano passado e fez os rios da bacia amazônica diminuírem, tem impactado gravemente crianças e comunidades ribeirinhas e indígenas no Brasil, Colômbia e Peru. Nessas regiões, as famílias dependem dos rios para transporte e acesso a alimentos, água, combustível e suprimentos médicos essenciais, além de ser o principal meio de transporte para a escola.
A Amazônia, a maior e mais diversa floresta tropical do planeta, se estende por nove países da América do Sul. No Brasil, na região amazônica, mais de 1.700 escolas e mais de 760 unidades de saúde foram fechadas ou tornaram-se inacessíveis devido aos níveis críticos de água. Segundo a mais recente avaliação do UNICEF em 14 comunidades no sul da Amazônia brasileira, metade das famílias relatou que seus filhos estão fora da escola devido à seca.
Desnutrição e retardo no crescimento das crianças
Na Amazônia colombiana, os rios registraram queda de até 80% em seus níveis, o que limitou o acesso à água potável e alimentos, além de causar a suspensão das aulas presenciais em mais de 130 escolas. Isso resultou no aumento do risco de recrutamento e exploração por grupos armados não estatais, além de agravar a incidência de doenças respiratórias, diarreias, malária e desnutrição aguda em crianças com menos de cinco anos.
Cidades do norte do Peru, são as mais impactadas pela seca em andamento, colocando em risco comunidades isoladas, principalmente indígenas e já vulneráveis. Mais de 50 unidades de saúde estão inacessíveis, enquanto incêndios florestais – frequentemente provocados por atividades humanas, mas intensificados pela seca dos últimos dois meses – estão gerando danos sem precedentes, destruindo a biodiversidade em 22 das 26 regiões do país e aumentando a poluição do ar.
A falta de alimentos causada pela seca eleva o risco de desnutrição, retardo no crescimento, perda de peso e até mortes em crianças, especialmente as menores de cinco anos. A escassez de água, agravada pelas secas, pode reduzir o acesso à água potável e aumentar a propagação de doenças infecciosas.
O UNICEF estima que serão necessários 10 milhões de dólares nos próximos meses para atender às necessidades mais urgentes das comunidades impactadas pela seca no Brasil, Colômbia e Peru. Isso inclui a distribuição de água e suprimentos essenciais, a mobilização de equipes de saúde e o fortalecimento da resiliência dos sistemas comunitários e serviços públicos nas áreas indígenas afetadas.