Seca histórica: Administração do Canal do Panamá busca alternativas através de um "Canal Seco" para normalizar o trafego

Administração do Canal do Panamá traça novos planos diante da seca histórica! A ideia é normalizar o tráfego em uma das maiores hidrovias do mundo.

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Canal do Panamá traça novas alternativas para normalizar o tráfego diante da escassez hídrica. Foto: Pancanal.

Uma das maiores hidrovias do mundo está enfrentando uma seca histórica desde o ano passado, afetando cadeias de suprimento e distorcendo indicadores macroeconômicos. Desde 2023, temos observado o declínio do nível da água de maneira rápida em decorrência da escassez de chuvas na região. Diante desse cenário, a administração do canal busca soluções para realizar o transporte de cargas entre os oceanos Pacífico e Atlântico.

Quais as vias alternativas diante da seca histórica?

Em 2023, o canal reduziu drasticamente o número de trânsitos devido aos baixos níveis das águas, uma vez que a região viveu um dos seus anos mais secos, atribuído ao fenômeno El Niño, juntamente com as mudanças climáticas. Vale lembrar que este foi considerado um dos fenômenos mais intensos já registrados, atingindo sua intensidade mais forte no mês de dezembro de 2023.

O Canal do Panamá revelou, na última quarta-feira (10), planos para um “canal seco”! Mas o que seria isso?

O projeto Canal Seco Multimodal (do inglês Multimodal Dry Canal) utilizará estradas, caminhos-de-ferro, instalações portuárias, aeroportos e zonas francas existentes em uma nova “jurisdição aduaneira especial”, afirmou Rodolfo Samuda, diretor de logística do ministério da presidência.

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Mudança de planos será necessária para o pleno funcionamento do Canal do Panamá. Foto: Justin Sullivan.

Ele reforça que o projeto não exigirá nenhum investimento graças à utilização das infraestruturas existentes. Para isso, foi assinado um decreto que simplifica os procedimentos de transporte terrestre de cargas através do istmo (porção de terra estreita cercada por águas em dois lados). Atualmente, 27 navios navegam pelo Canal do Panamá todos os dias, mas anteriormente à escassez, este número chegava aos 39.

A ponte entre o Oceano Atlântico e o Pacífico

O canal é utilizado principalmente por clientes dos Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul, e utiliza um sistema de eclusas para içar e baixar os navios. Por ser alimentado por um lago de água doce, o Lago Gatún, o canal depende da água da chuva para manter seu nível elevado, mas atualmente está com déficit hídrico.

Para cada embarcação que passa pelas eclusas são lançados no mar cerca de 200 milhões de litros de água doce.

A autoridade do Canal do Panamá, que é responsável pela operação da via, precisou emitir algumas restrições de calado nos últimos meses. O calado de um navio é a distância entre a linha d'água e o fundo do navio. Essa medição determina quanta água um navio precisa para navegar com segurança. Se um navio é carregado com mercadorias pesadas, ele afunda mais, criando assim um calado maior.

As restrições de capacidade, associadas à escassez, causaram engarrafamento marítimo com mais de 100 navios esperando para entrar na hidrovia, e desde o ano passado as autoridades tiveram que limitar o tráfego de navios. Mas mesmo com o retorno das chuvas, as mudanças não serão imediatas no volume do tráfego no canal, já que a indústria naval não pode se adaptar tão rapidamente.

As projeções das autoridades do canal indicam que até fevereiro de 2025 a situação se normalize. Por outro lado, os problemas são vistos como potenciais oportunidades econômicas por alguns países vizinhos do Panamá, como por exemplo o México, que inaugurou uma ferrovia interoceânica, considerada uma alternativa ao canal.