seca pode comprometer as colheitas do milho e do trigo no Brasil, aponta o relatório GEOGLAM
O relatório de agosto da GEOGLAM destaca o impacto potencial da seca nas safras de soja e trigo no Brasil, com condições adversas previstas para afetar significativamente a produção agrícola.
À medida que o Brasil enfrenta os meses decisivos de desenvolvimento agrícola, o relatório de agosto da GEOGLAM revela importantes desafios climáticos impactando as principais culturas do país, como milho, soja e trigo. A análise profunda do relatório destaca as condições adversas e examina as consequências das previsões de seca para as práticas agrícolas brasileiras, sugerindo medidas adaptativas cruciais para enfrentar um período potencialmente árido.
Milho
O relatório ressalta preocupações agudas com a colheita de milho nas regiões centro oeste (Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul) e norte do Paraná. Neste ano, a combinação de escassez de chuvas e temperaturas elevadas durante os períodos críticos de desenvolvimento e reprodução das plantas tem afetado drasticamente os rendimentos. Esta situação é ainda mais preocupante devido às previsões de uma seca persistente ao longo de agosto, o que pode intensificar a redução nos volumes de produção de uma das culturas mais vitais do país.
Impacto Potencial: A falta de chuvas prevista para o mês de agosto aponta para um cenário onde a recuperação dos campos de milho será provavelmente limitada. Esta condição adversa tem o potencial de impactar severamente não apenas o abastecimento interno, mas também o segmento de exportações do Brasil.
Produtores e comerciantes poderão enfrentar desafios significativos, aumentando a pressão sobre os preços no mercado interno e afetando a competitividade do milho brasileiro nos mercados globais. A situação exige uma vigilância constante e possivelmente a implementação de estratégias de irrigação e manejo adaptativo para mitigar os efeitos da seca prolongada.
Trigo
A semeadura do trigo está sendo concluída sob condições inicialmente favoráveis, mas uma recente onda de frio tem retardado o desenvolvimento das primeiras etapas da cultura. Apesar do bom início, as previsões de uma temporada seca emergem como uma grande preocupação, especialmente para as etapas subsequentes de semeadura e desenvolvimento. Este cenário sugere a necessidade de uma atenção especial às práticas de manejo para garantir a viabilidade do cultivo nas fases críticas que estão por vir.
As implicações a longo prazo das condições de seca são preocupantes. A falta de umidade adequada pode comprometer seriamente a semeadura e a germinação do trigo, ameaçando as safras futuras e, consequentemente, a disponibilidade do grão no mercado.
Assim, torna-se essencial para os agricultores implementar estratégias de gestão de água e escolha de variedades de trigo mais resilientes às condições de estresse hídrico.
Influências climáticas: período de transição ENSO
No Brasil, as condições climáticas estão atualmente neutras em relação ao fenômeno ENSO, mas há uma probabilidade significativa de que a La Niña se desenvolva nos próximos meses, com o CPC/IRI prevendo uma chance de 70 a 81% de ocorrer entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025. Isso tem implicações diretas para a agricultura brasileira, especialmente considerando que a La Niña frequentemente resulta em precipitação abaixo da média no sul da América do Sul durante a parte final do ano.
O impacto esperado da La Niña poderá agravar as condições já desafiadoras para os agricultores brasileiros, ampliando os riscos de seca em algumas regiões e potencialmente aumentando as chuvas em outras áreas do norte do país. Além disso, o contexto global de calor extremo, com junho de 2024 sendo o junho mais quente já registrado e um dos cinco anos mais quentes no registro, sugere que os agricultores também precisarão lidar com o estresse térmico nas culturas. Este calor extremo pode prejudicar as culturas durante períodos críticos de estresse hídrico e fases reprodutivas, afetando diretamente os rendimentos.
A perspectiva de um padrão contínuo de extremos climáticos, juntamente com uma temporada de furacões no Atlântico particularmente ativa prevista para 2024, sublinha a necessidade de estratégias robustas de gestão de risco e adaptação climática no setor agrícola brasileiro. As previsões indicam que a resiliência e a capacidade de adaptação das práticas agrícolas serão testadas nos próximos meses, exigindo preparação e resposta proativa para mitigar os impactos potenciais dessas condições adversas.