Seca provoca prejuízos no café, com falta de chuva afetando até 2022
Maior produtor de café no Brasil deve registrar quebra significativa na safra 2020/21 por conta do tempo seco. Além da falta de chuva, a safra deste ano enfrenta a bienalidade negativa. A boa notícia é que existem meios para amenizar os efeitos do fenômeno.
Produtores de café já estão acostumados a lidar com a bienalidade da cultura, a qual em fase negativa a produtividade do fruto reduz naturalmente. A safra 2020/21 além de enfrentar este ciclo negativo, vem enfrentando também a seca.
Com o atraso da chuva em 2020, lavouras de café em Minas Gerais registram atrasos também na maturação dos grãos. A colheita deve ser iniciada no mês de maio, e muitos frutos ainda estarão verdes no pé.
A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) relata que este ano a colheita será menor comparada ao último ano de bienalidade negativa, ocorrido em 2019. A diminuição da safra se deve justamente pelas condições climáticas, ou seja, a chuva irregular e mal distribuída afetou consideravelmente a safra atual.
O que dizem os produtores
Os cafeicultores no sul de Minas Gerais relatam as consequências das adversidades do tempo, algo que de modo geral já fazem parte da rotina ano após ano. Entretanto, apesar de costumeiro, as perdas nunca são bem vindas. Nesta reta final do desenvolvimento, produtores ainda estão de olho nas condições do tempo.
Ao que tudo indica, os cafezais que já estão em produção devem chegar a maturação, não de forma ideal para uma excelente produtividade, mas a colheita deve iniciar entre o final de maio e o início de junho no sul do estado mineiro, ainda que em meio aos frutos maduros sejam colhidos muitos frutos verdes em algumas fazendas, o que muda a qualidade do produto e principalmente o preço lá na frente.
Uma saída seria atrasar o início da colheita para o café terminar de madurar, mas os produtores também não consideram viável pensando na janela da próxima safra. Um ano afeta o outro.
No decorrer deste mês de abril seria importante a ocorrência de chuva, pois até agora choveu pouco considerando o pequeno intervalo de tempo em que as chuvas foram registradas sobre as áreas produtoras.
Lavouras que foram podadas no ano passado estão deixando a desejar, e são exatamente estas que precisam da chuva neste momento. Para se ter uma ideia, esta falta de chuva regular e bem distribuída pode afetar a produção do café em 2022.
Condições climáticas de abril
Em abril é comum a diminuição de chuvas, especialmente sobre o Brasil Central, pois o mês faz parte do outono, estação do ano característica pela mudança de padrão na distribuição das chuvas pelo país. Ao que tudo indica, as simulações mais recentes dos modelos meteorológicos vão de encontro com essa climatologia do mês de abril.
A expectativa é de pouca chuva, o que não quer dizer ausência total. Algumas pancadas podem ocorrer intercaladas com dias de sol, mas vale ressaltar que de forma irregular, mal distribuída, assim como já vem ocorrendo em Minas Gerais. O motivo para pouca chuva são as frentes frias que devem ocorrer de forma mais costeira.
Saiba como driblar a bienalidade negativa do café
A bienalidade é um fenômeno bastante marcante na produção de café no Brasil, mas apesar de ser vista de forma prejudicial, existem formas de suavizar seus efeitos.
A primeira é trabalhar a parte nutricional da planta, ou seja, ter disponíveis os nutrientes em forma química no solo. A segunda é realizar as podas, pois uma lavoura que é mantida produzindo durante dois anos consecutivos sob as condições climáticas brasileiras, não consegue produzir o mesmo tanto e na mesma qualidade um ano após o outro.
Os cafeicultores buscaram meios para driblar a bienalidade fazendo a poda de esqueletamento, a qual deixa a lavoura improdutiva durante um ano. Os produtores dividem a propriedade em talhões e rotacionam as podas, por exemplo, neste ano de 2020 o talhão 1 estará produtivo enquanto que o talhão 2 estará improdutivo pois sofreu a poda de esqueletamento, em 2021 acontece o contrário. Desta maneira, o produtor consegue manter a produtividade aproximadamente equivalente nos dois anos.