Sete meses após a enchente, 50 mil toneladas de lixo ainda aguardam um destino no RS

Após sete meses da enchente de maio que devastou o Rio Grande do Sul, cerca de 50 mil toneladas de lixo ainda esperam uma destinação final. 180 mil toneladas já foram recolhidas.

Lixão temporário, os chamados ‘bota-espera’, no Porto Seco em 2 de junho em Porto Alegre, criado pela prefeitura da cidade. Crédito: Divulgação/Paulo Robinson Samue.

No final de maio deste ano, fortes chuvas atingiram o Rio Grande do Sul, causando graves enchentes que devastaram o estado gaúcho. De acordo com o último boletim da Defesa Civil do Estado, a tragédia climática deixou 183 mortos e 27 seguem desaparecidos. O número total de afetados foi de mais de 2 milhões.

E um dos problemas que esse evento trouxe persiste até hoje: o acúmulo de lixo na capital Porto Alegre. As cheias acumularam cerca de 180 mil toneladas de lixo pela cidade, e hoje, pouco mais de sete meses após a tragédia, cerca de 50 mil toneladas ainda estão aguardando ser destinadas em aterros sanitários, segundo informações do Departamento Municipal de Lixo Urbano (DMLU).

Acúmulo de lixo em Porto Alegre: como está a situação?

A limpeza da capital gaúcha envolveu um grupo de quase 4 mil pessoas e um alto investimento de R$ 200 milhões, segundo a DMLU. Neste valor estão inclusas a higienização das calçadas e mobiliário público, substituição de bueiros, além da pintura de meio-fio.

A maior parte dos resíduos já foi levada para aterros sanitários, porém uma parte ainda segue em um bota-espera, área delimitada pela prefeitura de Porto Alegre no Bairro Sarandi. Após a enchente, nove pontos da cidade chegaram a ter bota-esperas, mas atualmente, só o do Bairro Sarandi ainda está em utilização. São lonas, telhas, restos de móveis, objetos plásticos, entre outros resíduos não identificáveis.

'Bota-espera' é um espaço próximo a regiões inundadas usado para armazenar o lixo até ele ser encaminhado definitivamente para um aterro sanitário.

Do Bairro Sarandi, os lixos serão encaminhados para aterros sanitários em duas cidades da Região Metropolitana, Minas do Leão e Santo Antônio da Patrulha, ambas a cerca de 90 km de Porto Alegre.

O diretor técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), Gabriel Ritter, defende que os bota-espera foram fundamentais para retirar as montanhas de resíduos e devolver dignidade aos moradores.

Resíduos no ‘bota-espera’ no Bairro Sarandi, em Porto Alegre. Crédito: Reprodução/RBS TV.

"Na região metropolitana, é praticamente a casa inteira das pessoas que está indo para a rua. À medida que se diminui o lixo nas casas, será possível reduzir o número de carretas de resíduos em circulação e fazer a completa recuperação do espaço urbano”, disse Ritter.

Números em outras cidades

Em Canoas, cidade na Região Metropolitana de Porto Alegre, foram retiradas cerca de 400 mil toneladas de resíduos das ruas; o número supera em mais de duas vezes a quantidade da capital gaúcha. Segundo a Prefeitura, todas as ruas já estão limpas e apenas um dos quatro espaços temporários de retenção dos entulhos segue em operação.

Em Muçum, no Vale do Taquari, 21 mil toneladas de resíduos seguem acumuladas desde a enchente de maio. Segundo a Prefeitura, a coleta atualmente está parada, mas deve voltar nos próximos dias após a contratação de uma nova empresa.

Referências da notícia

Sete meses após enchentes, 50 mil toneladas de lixo ainda não foram levadas para aterros no RS; veja imagens. 16 de dezembro, 2024. Madu Brito e Maurício Paz/G1 RS.

Entulho, lixões provisórios e medo de contaminação: depois de tragédia, Porto Alegre ainda sofre com resíduos. 13 de junho, 2024, BBC News.