Shell, Exxon Mobil e Chevron: o dia em que o clima venceu
Em um único dia, três grandes empresas da indústria do petróleo sofreram derrotas e passaram por mudanças que devem levar a uma redução drástica na emissão de poluentes nos próximos anos.
Esta quarta-feira (26) deve entrar para a história dos movimentos ambientais. Em um único dia, três grandes empresas da indústria petrolífera - Shell, Exxon Mobil e Chevron - sofreram derrotas em tribunais e mudanças administrativas que beneficiam a causa climática.
Na Holanda, um tribunal decidiu que a empresa Shell deve reduzir drasticamente suas emissões de carbono. É a primeira vez em que uma empresa de combustíveis fósseis foi legalmente responsabilizada por seu papel no aquecimento do planeta, o que representa um grande marco para a causa ambiental.
De acordo com o tribunal, a empresa não possui planos concretos para cumprir com seu dever de reduzir as emissões de dióxido de carbono. Sendo assim, o julgamento determinou que a Shell deve cortar suas emissões em 45% até 2030, para cumprir as metas climáticas globais sob o Acordo de Paris.
A decisão histórica abre um precedente para casos semelhantes contra as indústrias de petróleo, gás e carvão ao redor do mundo. Juízes confrontados com casos relativos às mudanças climáticas agora têm pelo menos um grande ponto de referência.
Já na Chevron, 61% dos acionistas votaram a favor de uma proposta para cortar as emissões geradas pelo uso dos produtos da empresa. Embora não haja ainda uma meta bem estabelecida, o apoio deixa claro que há uma crescente frustração dos investidores com empresas que, segundo eles, não estão fazendo o suficiente para enfrentar as mudanças climáticas.
Uma segunda proposta, que exigia da Chevron um relatório sobre o impacto dos seus negócios na emissão líquida de gases do efeito estufa até 2050, foi derrotada por muito pouco. A proposta contabilizou cerca de 48% dos votos a favor.
Na Exxon Mobil, principal concorrente da Chevron, acionistas também votaram a favor das causas climáticas. Ficou decidido que parte do conselho atual da empresa será substituído por diretores mais aptos a combater as mudanças climáticas. A decisão também busca fazer com que a empresa transite para fontes de energia sustentáveis.
A chapa dissidente de diretores foi proposta por um fundo chamado Engine No.1, que afirmou que o atual conselho da Exxon Mobile estava mal equipado para lidar com as transformações que estão remodelando o setor de energia.
Seja como for, todas as três decisões refletem um impulso crescente entre consumidores, investidores e líderes governamentais para abandonar os combustíveis fósseis e investir em um futuro onde a sociedade seja cada vez mais atendida por fontes renováveis e limpas de energia. Mais do que nunca, acionistas, clientes e tribunais estão dispostos a se voltar contra a indústria por se preocuparem com as mudanças climáticas.