Síndrome de Burnout: nova classificação da OMS a considera uma doença ocupacional no Brasil
A síndrome, também conhecida como síndrome de esgotamento profissional, passa agora a ser doença ocupacional no Brasil. Veja mais detalhes dessa nova classificação da Organização Mundial da Saúde.
A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome de esgotamento profissional, é um distúrbio emocional que surge do estresse crônico no trabalho. Seus principais sintomas são: exaustão extrema, estresse, esgotamento físico, cansaço excessivo e distanciamento da vida social. O desinteresse pelas atividades laborais e a perda de motivação também são comuns.
Segundo um levantamento, cerca de 30% dos brasileiros ocupados sofrem dessa doença, com o Brasil chegando à marca de segundo país no ranking mundial de casos.
Com isso, a nova classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) passa a considerar agora essa síndrome como uma questão de saúde pública, incluindo-a na lista de doenças ocupacionais. Veja mais detalhes abaixo.
Burnout agora é uma doença ocupacional no Brasil
Desde o início de 2025, está em vigor no Brasil a mais recente Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS, e uma das principais mudanças no documento é a inclusão da Síndrome de Burnout na lista de doenças ocupacionais (relacionados ao trabalho).
Aqui no nosso país, a doença já era motivo de afastamentos e até mesmo de aposentadorias, com respaldo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da justiça. Agora, essa nova classificação coloca o Burnout como uma questão de saúde pública no país.
E segundo um levantamento realizado pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), cerca de 30% das pessoas ocupadas no Brasil sofrem com essa doença mental que, em casos mais graves, leva à depressão, isolamento social e pensamentos suicidas.
Segundo Cláudia Osório, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialista em psicologia e saúde de trabalhadores, a gestão por metas - cada vez mais comuns nos ambientes de trabalho - tende a desconsiderar as condições reais da vida e do trabalho. "A tal da política de excelência coloca uma situação em que as pessoas estão sempre devendo em termos de bom desempenho no trabalho", disse ela.
E a pesquisadora ainda alerta para essa situação: “Não é normal que o trabalho leve alguém a um ponto de esgotamento em que um fim de semana não te deixa descansado para retomar na segunda-feira", comentou ela.
Além disso, Osório explica que a pessoa pode ter ânimo para ir ao cinema, estar com a família, brincar com os filhos, e não ter ânimo para trabalhar. “É um mecanismo de defesa para a pessoa não desmoronar de vez", disse ela.
Qual seria uma possível solução para este problema de trabalho?
Segundo Osório, a solução para este problema seria garantir a participação de todos os trabalhadores, a inserção da coletividade e uma gestão mais participativa de fato, além de se pensar em novas relações de trabalho.
“(...) a mudança das normas de trabalho, do grau de participação dos trabalhadores, da possibilidade da existência de coletivos de trabalhadores fortes no dia a dia de trabalho”, disse Osório.
Já para a pessoa que sofre com esta doença, o importante a se fazer quando notar a presença desses sinais é procurar ajuda médica especializada. Além disso, estabelecer limites entre a vida pessoal e o trabalho, desconectar-se dos dispositivos eletrônicos por algum período do dia, separar algum tempo para desenvolver atividades prazerosas e manter contato com amigos e familiares podem trazer um alívio ao estresse e à pressão do trabalho.
Referência da notícia
Esgotamento total no trabalho: classificação da OMS para síndrome de burnout passa a valer no Brasil. 16 de janeiro, 2025. Juliana Passos e Nara Lacerda.