Sistema de rede gigante traz esperança para limpeza dos oceanos
A Ocean Cleanup, considerado o programa mais eficiente na coleta de detritos marinhos, projetou uma máquina para percorrer as águas da “Grande Mancha de Lixo do Pacífico” e retirar o lixo com uma enorme rede, de 4 metros de profundidade e 2.500 metros de largura.
Os oceanos são ecossistemas de extrema importância para o planeta, principal fator que motivou a criação de inúmeras organizações que visam proteger aquele que é o mais vital ecossistema do mundo. O papel dessas organizações vai além de conscientizar, elas lutam efetivamente pela preservação dos oceanos:
- Com ações diretas, como o simples ato de limpar uma praia;
- Com ações indiretas, como pressionar autoridades por mudanças em prol dos oceanos.
Como exemplo, a Ocean Cleanup, organização ambiental holandesa sem fins lucrativos, que tem como objetivo retirar mais de 90% dos plásticos presentes nos oceanos até 2040.
O fundador da Ocean Cleanup, Boyan Slat, e sua equipe anunciaram, há mais de dez anos, a ideia de desenvolver pela primeira vez um aparelho eficaz na limpeza dos oceanos.
Inicialmente, a área destinada ao estudo é a extensa faixa de oceano, conhecida como “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”, localizada entre a costa dos Estados Unidos e Japão, reconhecida por conter uma enorme concentração de resíduos.
Essa região é composta por um intenso sistema de correntes, que contorna a área e suga detritos e lixo em sua rotação. Isso faz com que milhões de quilos de resíduos de plástico fiquem presos em seus vinte milhões de quilômetros quadrados.
O primeiro aparelho para captura de resíduos plásticos foi testado em 2018 e não funcionou como o esperado. Em 2019, uma nova tecnologia foi testada e eles já conseguiram retirar grandes quantidades de plásticos do mar; mas, perceberam que seria necessário centenas desses novos dispositivos para atingir seu objetivo principal.
Nos dois últimos anos os esforços têm sido concentrados em um novo sistema, apelidado de Jenny (ou System 002). Com uma abordagem diferente, o novo sistema é composto por uma grande linha flutuante com dois barcos em cada uma das extremidades. A linha é puxada pelos dois barcos, formando uma espécie de funil para uma grande rede que armazena o plástico flutuante.
A Ocean Cleanup ainda conta com a ajuda de inteligência artificial para localizar as possíveis concentrações de plástico flutuante. Enquanto os barcos vão puxando as extremidades da linha, a uma velocidade de 1.5 nós, a corrente marinha ajuda a deslocar os resíduos para a grande rede.
Quando a rede, que está na parte traseira da zona de retenção fica cheia, o plástico coletado é levado para um dos barcos e então a rede vazia volta para recolher mais resíduos dos oceanos. No ano passado, o novo sistema foi testado na “Grande Mancha de Lixo do Pacífico” e capaz de recolher cerca de nove toneladas de plástico.
Boyan Slat e sua equipe calcularam que seria necessário cerca de dez Jennys para limpar aproximadamente 50% da “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”, e isso duraria cinco anos.
E depois? Qual o destino final desse lixo?
Posteriormente, esses resíduos serão separados em contêineres e, uma vez no litoral, o plástico recolhido é reciclado e utilizado na fabricação de óculos de sol pela Ocean Cleanup. A venda desses óculos ajuda no financiamento da pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e na própria limpeza dos oceanos. Além disso, a ideia é fazer mais produtos reciclados.
A organização ambiental holandesa pretende, ainda, criar uma frota de dez aparelhos e considera que serão extremamente poderosos na restauração de grande parte do oceano.