Soja no Brasil: o que esperar da próxima safra e quais os desafios climáticos?

A safra de soja 2024-2025 no Brasil enfrentará desafios climáticos significativos devido ao La Niña, exigindo estratégias adaptativas dos produtores. O impacto no mercado global será determinado pela resposta do Brasil às condições adversas e pela demanda internacional.

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Como vai se comportar o mercado de soja?

A soja continua a ser um dos principais pilares do agronegócio global, com os Estados Unidos, Brasil, Argentina e Paraguai concentrando mais de 80% da produção mundial e 90% das exportações totais. Com o término da safra 2023-2024, o mercado se volta agora para as perspectivas da safra 2024-2025, que já começa a ser moldada por fatores climáticos, econômicos e logísticos. Neste cenário, o Brasil, como um dos maiores produtores mundiais, enfrenta desafios específicos que podem impactar tanto a produção quanto os preços da commodity.

Perspectivas para 2024-2025: produção e impactos climáticos no Brasil

Com a aproximação da safra 2024-2025, os produtores brasileiros de soja se preparam para um ano desafiador, especialmente devido à provável influência do fenômeno climático La Niña. La Niña tende a trazer uma redução significativa nas chuvas no sul do país, o que pode impactar o desenvolvimento das lavouras. Nesse contexto, a escolha de cultivares mais resistentes à seca será fundamental para mitigar as perdas e garantir uma produção viável.

A safra 2023-2024 foi marcada por desafios climáticos que afetaram algumas regiões produtoras, mas também por uma expansão da área plantada, refletindo a resiliência e o otimismo dos produtores. Para a safra 2024-2025, a expectativa é que a área plantada no Brasil se mantenha em torno de 42 milhões de hectares, consolidando o país como um dos principais atores no mercado global de soja.

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Plantação de soja com máquina de irrigação por pivô central.

No entanto, a produtividade dependerá diretamente das condições climáticas e da capacidade dos produtores de adotar tecnologias e práticas agrícolas adequadas para enfrentar a seca.

Nos Estados Unidos, a produção também deve continuar em alta. O USDA aumentou sua projeção de produção para a safra 2023-2024, o que se refletiu em uma estimativa recorde de 124,8 milhões de toneladas, com uma área colhida de aproximadamente 34,9 milhões de hectares e um rendimento médio de 3,58 toneladas por hectare.

Apesar do aumento nas exportações estimadas em 680 mil toneladas, os estoques finais também subiram, alcançando 15,25 milhões de toneladas. Globalmente, os estoques finais inesperadamente subiram para 134,3 milhões de toneladas métricas, o que pode continuar pressionando os preços internacionais em 2024-2025.

Condições atuais: preços e desafios para o Brasil

Atualmente, os preços dos futuros da soja nos Estados Unidos caíram para US$ 9,4 por bushel em agosto de 2024, o menor nível em quatro anos. Essa queda reflete a expectativa de uma safra recorde nos EUA, que resultou em um aumento dos estoques finais.

No entanto, para o Brasil, o impacto desses preços mais baixos pode ser mitigado pela forte demanda da China, que continua sendo o maior importador global de soja, responsável por 60% das compras mundiais.

Os produtores brasileiros enfrentam o desafio de manter a competitividade no mercado global, especialmente em um contexto de custos de produção elevados e incertezas climáticas. A adaptação às condições de seca será crucial, e os produtores precisarão investir em tecnologias e práticas que permitam uma produção eficiente mesmo em anos adversos.

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Evolução dos preços futuros da soja de 2020 a 2024, mostrando o comportamento do mercado com picos em 2021 e uma queda acentuada em 2024. Fonte: Trading Economics.

Os preços apresentados em plataformas como a Trading Economics são baseados em instrumentos financeiros como contratos por diferença (CFD) e mercados de balcão (OTC). Esses valores servem como referência, mas não devem ser usados como base definitiva para decisões de negociação.

Para a safra 2024-2025, a atenção dos produtores brasileiros deve se voltar para as condições climáticas e o desenvolvimento do mercado internacional. A capacidade de navegar por esses desafios e oportunidades determinará o sucesso da produção brasileira de soja, que continua a desempenhar um papel central na economia global.