Sonda Juno da NASA detecta sais e compostos orgânicos na maior lua de Júpiter

A sonda Juno da NASA trouxe novas informações sobre a química da superfície de Ganimedes, a maior lua de Júpiter. As evidências indicam que, possivelmente, a lua possui um oceano salgado no seu subsolo.

Ganimedes
Imagem aprimorada de Ganimedes obtida pelo gerador de imagens JunoCam a bordo da sonda Juno da NASA em 2021. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kalleheikki Kannisto.

Mais uma novidade no universo da astronomia: o espectrômetro JIRAM, a bordo da sonda espacial Juno da NASA, encontrou sais e compostos orgânicos na superfície de Ganimedes (ou Ganymede, em inglês), a maior lua de Júpiter, sugerindo que ela pode ter um oceano salgado abaixo da sua superfície. A descoberta foi publicada recentemente em um artigo na revista Nature Astronomy.

A descoberta em Ganimedes

Os cientistas estão muito animados com isso, pois acreditam que abaixo da superfície espessa e congelada de Ganimedes há um oceano gigante de água salgada, o que aumenta a possibilidade de descobrir formas de vida extraterrestres fora da Terra.

Ganimedes é a maior lua de Júpiter e é a maior em nosso sistema solar, com um diâmetro de 5.262 km, sendo maior até que Mercúrio. Foi descoberta por Galileu Galilei em 1610. Seu manto é provavelmente composto de gelo e silicatos, e sua crosta é provavelmente uma grossa camada de água congelada.

O espectrômetro Jovian InfraRed Auroral Mapper (JIRAM) a bordo da sonda Juno capturou fotos infravermelhas super detalhadas e espectros da superfície de Ganimedes. Esses espectros compreendem assinaturas químicas de materiais definidas pela forma como eles interagem e refletem a luz infravermelha.

Assim, os cientistas conseguiram estudar as características únicas de Ganimedes. Eles identificaram os seguintes sais: cloreto de sódio hidratado, cloreto de amônio (ou sal amoníaco) e carbonato de sódio, e alguns materiais orgânicos, possivelmente incluindo aldeídos alifáticos. Os compostos orgânicos são moléculas baseadas em carbono que servem de base para a vida como a conhecemos.

Júpiter e sua lua Ganimedes ao fundo
Imagem de Júpiter com a lua Ganimedes ao fundo, capturada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA. Crédito: NASA.

Federico Tosi, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF), e autor principal do artigo, explicou em um comunicado que “a presença de sais amoníacos sugere que Ganimedes pode ter acumulado materiais frios o suficiente para condensar a amônia durante sua formação. Os sais de carbonato podem ser restos de gelos ricos em dióxido de carbono”.

A importância dessas informações

Anteriormente, a sonda espacial Galileo (que não está mais em operação) e o Telescópio Espacial Hubble, ambos da NASA, já deram algumas pistas de que poderia haver sais e materiais orgânicos em Ganimedes. Contudo, eles não conseguiram dar uma resposta clara, a resolução de suas observações foi insuficiente para dar uma conclusão definitiva.

Mas agora, como a sonda Juno chegou bem próximo da lua, a cerca de 1.000 Km de altitude, ela foi capaz de capturar imagens com uma resolução espacial sem precedentes e espectros infravermelhos com qualidade de 1 quilômetro por pixel. Isso permitiu a identificação das substâncias químicas.

A composição e distribuição espacial dos sais e compostos orgânicos sugerem que a origem de Ganimedes é endógena, resultante da extrusão de águas salgadas subterrâneas, cuja química reflete a interação água-rocha no seu interior.

Esta descoberta é muito importante pois fornece pistas sobre o passado e origem de Ganimedes, seu oceano oculto e o que há em sua superfície. E isso nos ajuda a entender um pouco melhor o Universo.