Surto de Mpox na África preocupa especialistas. Quais os riscos de uma emergência global?
A República Democrática do Congo enfrenta grande surto de Mpox desde o início de 2024, com mais de 500 óbitos, e uma nova cepa do vírus pode estar agravando o cenário.
Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o surto de Mpox (doença infecciosa causada por pelo vírus monkeypox - MPXV) na República Democrática do Congo já acumula mais de 14 mil casos notificados e 511 mortes.
Cenário Atual
Historicamente, a República Democrática do Congo tem apresentado surtos com um número maior de casos a cada ano. No entanto, os números dos primeiros seis meses de 2024 impressionam, e províncias que, anteriormente, não tinham sido afetadas, passaram a notificar casos.
Ainda, 16 outros países do continente africano relataram casos da doença até agora.
Segundo o The Guardian, 887 novos casos (entre confirmados e suspeitos) de Mpox foram relatados no continente africano na semana passada, "elevando o total do ano para 15.132 casos".
Novas versões do vírus
O espalhamento do vírus pode ter muitos fatores contribuintes, entre eles, a descoberta de uma nova "versão" circulante. O clado 1 circula há anos na região, e o clado 2 ficou conhecido em 2022, causando o surto global.
A cepa circulante atual no surto da região é o clado 1b, derivado do clado 1, confirmado no Quênia, Ruanda e Uganda. Sabe-se que o clado 1b pode estar associada a uma maior gravidade, do que o clado 2, trazendo preocupações de um maior espalhamento do vírus.
A doença
A doença é endêmica no continente africano, sendo o primeiro caso humano registrado de Mpox ocorrendo em 1970, na localidade que hoje é conhecida como República Democrática do Congo.
O MPXV foi descoberto em 1958, a partir de dois surtos da doença, os quais os sintomas se assemelham muito à varíola humana (causada pelo vírus smallpox).
A doença ficou conhecida recentemente como varíola dos macacos, uma vez que, inicialmente, foram os primeiros animais a serem conhecidos por abrigar o vírus. No entanto, sabemos que outros animais, como roedores, também podem abrigá-lo e infectar pessoas.
Sintomas
Segundo a National Foundation for Infectious Diseases (NFID), os principais sintomas da doença, em humanos, são:
- Erupção cutânea nas mãos, pés, peito, rosto, boca ou nos órgãos genitais ou ânus ou próximo a eles. A erupção cutânea pode começar parecendo espinhas ou bolhas e pode ser dolorosa ou causar coceira;
- Febre ou calafrios;
- Linfonodos inchados;
- Exaustão;
- Dores musculares, dor nas costas, dor de cabeça;
- Sintomas respiratórios (por exemplo, dor de garganta, congestão nasal ou tosse).
Risco Global
Atualmente, o risco global, bem como uma possível declaração de Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (ESPII ou PHEIC, sigla em inglês) estará em análise pelo comitê de emergências da OMS.
A disseminação do MPXV para países vizinhos, além do potencial de disseminação internacional, podem colocar riscos para vermos um novo surto global da doença.
Apesar de termos vacinas desenvolvidas e aprovadas nos últimos anos, poucas chegaram em países do continente africado que, historicamente, enfrentam os impactos e surtos da doença, como a República Democrática do Congo.