Temperaturas altas e chuvas irregulares neste inverno já trazem impactos no desenvolvimento do trigo e milho

A previsão climática para julho de 2024 indica variações significativas nas condições de chuvas e temperaturas em todo o Brasil. Essas mudanças são cruciais para compreender seus potenciais impactos sobre as principais culturas agrícolas do país.

As anomalias semanais médias de temperatura a 2 metros para o período de 8 a 15 de julho de 2024 mostram uma tendência notável. Espera-se que a precipitação em julho seja acima da média na faixa norte da Região Norte e em áreas específicas do leste das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.

Por outro lado, em vastas áreas das regiões Centro-Oeste e Sudeste, no sul da Região Norte, no interior do Nordeste e no oeste da Região Sul, as chuvas devem ficar próximas ou abaixo da média climatológica.

A previsão de chuvas acima da média em áreas do leste da Região Sul, especialmente no nordeste do Rio Grande do Sul, pode dificultar a semeadura do trigo. Fortes chuvas nos últimos meses já têm sido um desafio, e a continuidade dessas condições pode atrasar o plantio e afetar a produtividade

Nas regiões onde as temperaturas médias podem ultrapassar os 26ºC, como na divisa do sul do Pará com Mato Grosso e Tocantins, o calor excessivo pode causar estresse térmico nas plantas, afetando negativamente o desenvolvimento e a produção. O milho segunda safra, em particular, pode sofrer reduções significativas na produtividade se o calor for extremo e prolongado.

Impacto do clima de julho nas culturas

Para o milho segunda safra e trigo, a redução das chuvas em grande parte do Brasil pode reduzir os níveis de umidade no solo, principalmente no Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e no centro-norte do Paraná. Essa condição pode causar restrição hídrica para as lavouras de milho segunda safra em estágio reprodutivo e para o trigo em desenvolvimento, comprometendo o rendimento e a qualidade dos grãos.

Recomendações:

• Implementação de práticas de conservação de água como o mulching ou o uso de cobertura morta para reduzir a evaporação.
• Consideração de sistemas de irrigação suplementar onde viável, especialmente para o trigo, que pode ter um retorno significativo sobre o investimento em irrigação devido ao valor da cultura.

Para culturas como algodão, cana-de-açúcar e café, que se beneficiam de condições mais secas na fase de maturação e colheita, a previsão de pouca chuva pode ser uma vantagem. Isso facilita não só a colheita mas também a qualidade do produto final, minimizando o risco de doenças fúngicas e facilitando o processamento pós-colheita.

Recomendações:

• Monitoramento cuidadoso das condições climáticas para programar a colheita no momento ótimo, maximizando assim a qualidade.
• Preparação para uma colheita potencialmente mais rápida e intensiva, assegurando que a logística e o suporte estejam prontos para lidar com a colheita sob condições ideais.

As geadas podem prejudicar culturas sensíveis ao frio, como o café, que pode sofrer danos nos frutos e folhas, reduzindo a qualidade e a quantidade da produção.

A previsão de temperaturas baixas e geadas nas regiões de maior altitude do Sul e Sudeste representa uma ameaça significativa, especialmente para culturas sensíveis ao frio como o café. Geada pode causar danos irreversíveis às plantas, afetando a produção atual e futura.

Recomendações:

• Implementação de estratégias de mitigação como cobertura das plantas, uso de aquecimento (se viável economicamente) ou aplicação de água para formar uma camada protetora de gelo que não atinja os tecidos vegetativos.
• Diversificação das áreas de cultivo para incluir locais menos susceptíveis a geadas, se possível

O cenário climático para julho de 2024 exige atenção redobrada dos agricultores brasileiros. A redução das chuvas em grande parte do país e as variações de temperatura podem trazer tanto desafios quanto oportunidades. É fundamental que os produtores estejam atentos às previsões e adotem estratégias de manejo adequadas para mitigar os riscos e aproveitar as condições favoráveis para a colheita de culturas como algodão, cana-de-açúcar e café.