Temperaturas mais altas do Oceano Atlântico ajudaram na rápida intensificação do furacão Beryl no sudeste do Caribe
Furacões de categoria 5 são geralmente esperados em setembro, mas o furacão Beryl ocorreu antecipadamente e se intensificou muito rápido, causando estragos no sudeste do Caribe e na Jamaica.
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O furacão Beryl atingiu a Jamaica na última quarta-feira (03) depois de matar pelo menos 7 pessoas e causar danos no sudeste do Caribe. É a tempestade mais forte a atingir a costa tão cedo na temporada de furacões, e o motivo está relacionado ao aquecimento global.
O segundo furacão de categoria 5 no mês de julho
O Beryl quebrou vários recordes antes mesmo de seus ventos fortes atingirem a terra, uma vez que estabeleceu o recorde para a primeira tempestade de Categoria 4 com ventos de pelo menos 209 quilômetros por hora, a primeira do mês de junho.
Furacão #Beryl atinge categoria 5.
— Meteored | Tempo.com (@MeteoredBR) July 2, 2024
É sem dúvida e de longe o furacão mais forte registado nesta altura do ano. O mar está a uma temperatura típica de Setembro. ️@gdvictorm, especialista da Meteored. https://t.co/GnMM6M5EYk
Além disso, também foi a primeira tempestade a se intensificar rapidamente com aumento da velocidade de vento de 102 quilômetros por hora em 24 horas, indo de uma depressão tropical para um evento de Categoria 4 em apenas 48 horas.
A força e a rápida intensificação do Beryl foram incomuns para uma tempestade tão cedo na temporada. Os especialistas vêm alertando para uma temporada de furacões excepcionalmente ativa no Atlântico.
A frequência e a magnitude desses eventos de rápida intensificação no Atlântico têm aumentado nas últimas décadas, colocando em risco as comunidades, pois elas têm menos tempo para se preparar. As causas de tempestades individuais são complexas, o que torna difícil atribuir totalmente casos específicos às mudanças climáticas.
Mas temperaturas excepcionalmente altas da superfície do mar são uma das principais razões pelas quais o furacão Beryl tem sido tão poderoso.
Furacões dessa magnitude são esperados apenas em setembro
Geralmente, furacões precisam que a superfície do mar esteja com temperaturas de pelo menos 27°C para ter chances de se desenvolver, pois essas tempestades são alimentadas, também, por águas quentes que se estendem por mais de 45 metros abaixo da superfície.
O conteúdo de calor do oceano que antecedeu o Beryl foi excepcionalmente alto em comparação com anos anteriores. Normalmente, o calor só começa a alcançar esse nível de calor a partir de setembro, quando a temporada de furacões tende a atingir o pico da atividade.
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A maioria dos grandes furacões acontece no final de agosto e setembro, e os anteriores a esse período são muito raros, principalmente quando atingem a Categoria 5, como foi o caso do Beryl. Embora um furacão de categoria cinco seja algo inédito tão cedo na temporada, sua força mostra como essas tempestades estão mudando em um mundo mais aquecido.
Então a mudança climática impulsionou a rápida intensificação das tempestades? À medida que os oceanos se aquecem e a quantidade de calor aumenta com o avanço da mudança climática, é compreensível afirmar que essa rápida intensificação possa estar se tornando mais comum.
A temporada de #furacões no Atlântico costuma ser mais ativa em meados de setembro, quando a superfície do mar costuma ficar mais quente no final do verão.
— Karen Fernanda Teixeira (@karenfernandat_) July 4, 2024
️ O #Beryl é um ponto fora da curva em termos de furacão de Categoria 5 no mês de julho.
Fonte: NOAA/NHC pic.twitter.com/gXZ3iy85QM
Ao comparar os eventos de furacões entre 1971 a 1990 e 2001 a 2020, foi verificado que as taxas de pico de intensificação aumentaram cerca de 30%, associadas a fatores como águas quentes, baixa cisalhamento vertical do vento e a alta disponibilidade de umidade na atmosfera.
Embora seja incerto até que ponto as mudanças climáticas contribuíram para a formação inicial do furacão Beryl, nossos modelos climáticos sugerem que a intensidade média dos furacões aumentará no futuro devido ao aumento do aquecimento global, explica Hiroyuki Murakami, cientista pesquisador do Laboratório de Dinâmica de Fluidos Geofísicos da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).