Tempestades com granizo assolaram parte do Sudeste e ameaçam o Sul
O aumento gradativo do calor e da umidade já está sendo percebido em várias regiões do Brasil nesta primavera. Consequentemente, nuvens de tempestade estão se formando durante às tardes e trazem riscos para ocorrência de temporais com consequências materiais e fatais.
O canto das cigarras anuncia que as condições mais quentes e úmidas da primavera estão em andamento no Hemisfério Sul. No Brasil, a estação marca o início do período chuvoso na maior parte do país. Entretanto, tempestades severas também são comuns durante a primavera, como observado na Região Sudeste nos últimos dias, por exemplo.
Na tarde da última quinta-feira (24), a cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, foi atingida por uma tempestade severa. Além da chuva forte, houve queda de pedras grandes de granizo e ventos intensos associados provavelmente a uma microexplosão. Muitas residências e comércios foram destelhados ou parcialmente destruídos, árvores caíram e o caso mais grave foi a morte de uma mulher atingida por um eucalipto que se partiu durante o mau tempo.
Um dia depois da chuva forte em Santa Rita do Sapucaí, o Estado do Rio de Janeiro também vivenciou na noite da sexta-feira (25) uma tempestade severa que resultou em vários impactos. Muito granizo foi registrado em várias partes da Baixada Fluminense, e o tamanho das pedras foi grande o suficiente para quebrar vidros e danificar a lataria dos automóveis, como visto em Nova Iguaçu. Ainda na sexta-feira, a cidade de Ubá na Zona da Mata Mineira foi surpreendida por uma chuva forte acompanhada de ventania. Foram reportados alagamentos, queda de árvores, destelhamentos e colapso de estruturas.
Formação das tempestades severas
Os ingredientes clássicos para a formação das imponentes nuvens cumulonimbus que provocam granizo é uma atmosfera úmida e instável. A instabilidade se refere ao perfil termodinâmico (perfil vertical da atmosfera) como nós meteorologistas chamamos. Uma atmosfera instável, apresenta a temperatura diminuindo com a altura. Nesta condição, o forte aquecimento das tardes gera a convecção explosiva.
Quando as correntes ascendentes violentas dos cumulonimbus superam a altura do nível de congelamento das gotas d’água dentro da tempestade, ocorre o processo de formação do granizo. Entretanto, o tamanho do granizo dependerá do ciclo do mesmo dentro da nuvem. Quanto maior for o granizo, significa que mais ciclos de subida e descida ele realizou dentro da tempestade.
Outros fatores mais técnicos como divergência do vento em altos níveis, convergência em baixos níveis e o cisalhamento do vento também contribuem para o caráter severo da tempestade, e consequentemente para a formação do granizo.
Próximos dias
O risco de severidade incluindo granizo passa a aumentar a partir deste domingo (27), sobretudo em áreas dos Pampas (incluindo parte da Região Sul do Brasil) já pela manhã. Mais para o fim do dia o risco se estende para o norte gaúcho e estado de Santa Catarina. Isso porque a passagem de perturbações de níveis superiores favorecerá o levantamento o ar quente e úmido de norte. A partir da tarde de segunda-feira (28), o risco retorna para o estado de São Paulo e de Minas Gerais.