Tigre-da-Tasmânia pode voltar à vida, após cientistas recuperarem quase 100% do seu genoma

É isso mesmo… cientistas estão querendo trazer o Tigre da Tasmânia de volta à vida, e já conseguiram recuperar 99,9% do genoma do animal. Veja mais detalhes do projeto aqui.

Tigre-da-Tasmânia
O Tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus) foi extinto por volta dos anos 1930. Crédito: National Film and Sound Archive of Australia.

Apesar de ser parecido com um cachorro, e de ser chamado de tigre, o Tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus), também chamado de tilacino, era um marsupial carnívoro. O “Tigre” do seu nome é por causa de suas listras características nas costas.

Ele era nativo da Oceania e foi extinto por volta de 1936. Pesquisas indicam que foram vários fatores que levaram à sua extinção, mas o principal deles foi a chegada dos humanos ao continente e a caça indiscriminada.

Agora, um trabalho conjunto da empresa Colossal Biosciences e do Laboratório ‘Pesquisa de Restauração Genética Integrada de Tilacino’ (TIGRR, na sigla em inglês) da Universidade de Melbourne, conseguiu montar o genoma mais completo de um tigre-da-tasmânia, chegando a quase 100%. Veja os detalhes abaixo.

Seria a desextinção do Tigre-da-tasmânia?

Segundo a equipe de cientistas, o genoma do animal está 99,9% finalizado, sendo o genoma antigo mais completo e contínuo já sequenciado. Porém, há 45 lacunas representando esse 0,1% faltante, que os pesquisadores almejam completar nos próximos meses.

Com essa amostra genômica completa, eles conseguirão conhecer como era o paladar, o olfato, a visão e até mesmo as conexões cerebrais do animal.

E como eles conseguiram isso? Isso foi possível a partir de análises feitas com os restos mortais de um espécime, uma cabeça de 110 anos que estava preservada em etanol. O bom estado de preservação deste espécime permitiu aos pesquisadores juntar a maior parte da sequência de DNA, bem como fitas longas de RNA que mostram quais genes estavam ativos em vários tecidos quando o animal morreu.

O vídeo abaixo mostra imagens do último tigre-da-tasmânia sobrevivente conhecido, em dezembro de 1933 na Austrália. O vídeo original era em preto e branco, mas foi colorido posteriormente por uma técnica de digitalização.

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Os pesquisadores também estão desenvolvendo tecnologias reprodutivas artificiais que induzem a ovulação e criam embriões, algo importante para o retorno da espécie, caso isso realmente venha a acontecer.

Essas tecnologias irão, por exemplo, melhorar a capacidade de reprodução de espécies criticamente ameaçadas em populações em cativeiro (...)”, comentou Andrew Pask, membro do Conselho Consultivo Científico da Colossal e chefe do TIGRR.

Até agora, muitos especialistas acreditavam que era impossível reconstruir um genoma completo a partir de restos mortais. Por isso, essa descoberta ganha ainda mais destaque. A ideia é que isso ajude a reintroduzir o tigre-da-tasmânia na natureza novamente.

Crânio, tigre-da-tasmânia
Crânio de tigre-da-tasmânia usado na pesquisa. Crédito: Colossal Biosciences.

“Vejo um futuro em que a edição do genoma de espécies selvagens é outra ferramenta essencial para a conservação da biodiversidade”, comentou Beth Shapiro, diretora de Ciência da Colossal e diretora do Laboratório de Paleogenômica da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, onde as amostras foram processadas.

“Nossas equipes estão dando saltos científicos incríveis enquanto estão no caminho para a desextinção do tilacino”, disse Ben Lamm, cofundador e CEO da Colossal.

Referência da notícia:

Business Wire. “Colossal Achieves Multiple Scientific Firsts in Progress Towards Thylacine De-Extinction”. 2024.