Tornados e destruição no oeste catarinense
O fim da tarde da quarta-feira passada foi marcado por tempestades severas e inúmeros impactos no oeste de Santa Catarina. Destroços deixados pelo tempo severo revelam a ocorrência de eventos tornádicos em cidades como Belmonte e Descanso.
Faltam seis dias para o início do inverno astronômico, mas no calendário meteorológico já estamos em transição para o inverno desde o dia 6 de maio. Talvez você possa estar se perguntando se tempestades severas são comuns nesta época do ano na Região Sul.
A resposta para a sua possível dúvida é sim. No início de junho o cisalhamento vertical do vento já é maior sobre Santa Catarina. Contudo, determinadas configurações atmosféricas puxam a umidade do norte e forçam sua interação com o cisalhamento presente nas latitudes sulistas. Neste contexto se formam as principais tempestades severas da América do Sul durante o outono e a primavera.
De acordo com a climatologia, a velocidade média do vento em altos níveis no dia 10 de junho no oeste de Santa Catarina é de ~110 km/h. No entanto, na quarta-feira (10), o vento estava em média ~170 km/h em 10.000 m de altura.
O aumento da velocidade do vento com a altura no dia 10 foi reflexo de uma grande crista no jato subtropical entre o Oceano Pacífico e América do Sul. Este padrão de nível superior juntamente com a convergência de ventos na saída do jato de baixos níveis no oeste catarinense, resultou num ambiente atmosférico favorável para tempo severo.
O evento e os impactos
O tempo já vinha tempestuoso no Paraná, Santa Catarina e parte do norte Gaúcho ao longo da quarta-feira. Mas no final da tarde supercélulas se formaram no oeste Catarinense e provocaram fortes danos, deixando famílias desalojadas principalmente na região de Belmonte, Descanso e Iporã do Oeste.
Em Belmonte, 4 pessoas ficaram feridas e 140 casas foram destelhadas. Segundo a Defesa Civil, a tempestade iniciou por volta das 17h15 e esteve acompanhada de ventos próximos de 130 km/h. Pelo menos 20% da cidade foi afetada com destelhamentos, árvores arrancadas ou decepadas pelo tronco, queda de postes de energia e casas retiradas de suas fundações.
Na cidade de Descanso houveram mais estragos. Um caminhão chegou a tombar com a força do vento. A queda de postes deixou parte da cidade sem energia elétrica. Também foi registrado destelhamentos e um posto de gasolina teve parte de seu telhado destruído. Em uma estrada de Descanso, várias árvores foram decepadas.
Os municípios de Ipuaçú, Campos Novos, Coronel Freitas, Águas de Chapecó, São Carlos, Nova Itaberaba, Saudades e Cunha Porã também tiverem problemas com o mau tempo.
A assinatura dos destroços e da refletividades nos radares meteorológicos na região de Belmonte e Descanso, não deixaram dúvidas para os meteorologistas e a Defesa Civil regional de que tornados atingiram o oeste Catarinense.
Os danos gerados pela força dos ventos foram atribuídos a tornados de categoria F1 na escala Fujita, quando os ventos variam entre 117 a 180 km/h. Além dos impactos por ventos intensos, diversas cidades foram afetadas com queda de granizo e chuvas fortes, gerando inundações e alagamentos.