Três grandes vazamentos sobre o clima que você precisa saber
Nos últimos dias, vazamentos de informações revelaram segredos climáticos críticos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), dos lobistas da ExxonMobil e também do gasoduto que explodiu no Golfo do México.
Uma onda de calor intensa está afetando o hemisfério norte. Em Portland, nos Estados Unidos, o recorde de maior temperatura já registrada foi quebrado na semana passada, com um registro de assombrosos 46 °C. Em três dias, mais de 95 pessoas morreram como resultado da onda de calor. Em Seattle, os 42 °C danificaram painéis de concreto e rodovias.
Apesar da situação crítica nos Estados Unidos, as notícias mais tenebrosas vêm do Círculo Polar Ártico. No ano passado, a região registrou pela primeira vez temperaturas superiores a 37 °C. Este ano, as temperaturas chegaram a 47 °C, um registro que seria inimaginável a alguns anos atrás. Este é o panorama do primeiro de três grandes vazamentos sobre o clima ocorridos nos últimos dias.
Vazamento do relatório preliminar do IPCC
Embora esteja programado para publicação somente em 2022, rascunhos de um futuro relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) vazaram para a mídia. De acordo com a Agence France-Presse, que publicou os vazamentos, impactos climáticos devastadores estão se acelerando - Como a extinção de espécies, disseminação elevada de doenças, cidades ameaçadas pela elevação do mar e, claro, ondas de calor insuportáveis.
Mostrando linguagem mais forte do que os últimos relatórios, o rascunho deixa claro que o pior ainda está por vir, e que afetará as próximas gerações de uma maneira muito mais intensa do que imaginávamos. De acordo com o rascunho, os efeitos das mudanças climáticas se tornarão óbvios antes de uma criança nascida hoje completar 30 anos.
Neste contexto, as tão necessárias mudanças infelizmente não acontecerão enquanto houver forças empresariais e governamentais visando o lucro acima da preservação do meio ambiente. Um jornalista infiltrado na empresa petrolífera ExxonMobil, fingindo ser um recrutador, registrou lobistas se gabando da sua influência política contrária às medidas sugeridas pelos cientistas.
Comentários que vazaram da ExxonMobil
“Lutamos agressivamente contra parte da ciência? Sim. Nós nos juntamos a alguns grupos para trabalhar contra esforços iniciais sobre o clima? Sim, é verdade. Mas não há nada de ilegal nisso” disse um lobista sênior da ExxonMobil, que também mencionou relações com senadores americanos de ambas as correntes políticas. Outro lobista se gabou de vitórias políticas como a facilitação de obtenção de licenças e a redução de taxas corporativas que poupará bilhões de dólares à empresa.
A ExxonMobil tem incorporado políticas mais sustentáveis nos últimos meses, especialmente frente a uma substituição de diretores e implementação de planos para migrar em direção a fontes de energia renováveis. No entanto, o vazamento coloca em dúvida os reais interesses da empresa e o quão efetiva será a execução destes planos.
O vazamento de gás da Pemex
O terceiro vazamento viralizou em todo o mundo. O fato é que um oleoduto explodiu no meio do oceano, liberando gás e causando um incêncio descontrolado batizado de "Olho de Fogo". As imagens de barcos tentando controlar o fogo nas águas do Golfo do México chegam a ser de fato cômicas, mas também representam um risco imensurável para a vida marinha, além de escancarar o problema da extração de combustíveis fósseis para o meio-ambiente.
Segundo a empresa Pemex (Petróleos Mexicanos), responsável pelo oleoduto, o incêndio foi contido em cerca de cinco horas. No entanto, registros publicados pelo jornalista Manuel Lopez San Martin mostram que o incidente foi ainda mais grave e o combate às chamas durou pelo menos oito horas. Ainda não há estimativas publicadas sobre o impacto que o incidente teve no oceano e nos seres marinhos, mas é razoável acreditar que um evento de proporções tão gigantescas tenha grandes consequências.
O fato é que, entre muitas discussões climáticas, ainda reina a opção da indiferença. E quando os impactos das mudanças climáticas se tornarem óbvios e decidirmos agir, será tarde demais. Precisamos pressionar empresas e governos para que se tornem sustentáveis imediatamente e favoreçam políticas ambientais de controle às mudanças climáticas urgentemente. Prevenir é a única opção possível, pois remediar, neste caso, será impossível.