Ultraprocessados: o que são esses alimentos que matam mais de 50 mil pessoas por ano?
Os alimentos ultraprocessados são produtos nutricionalmente desbalanceados que contêm alto teor de gorduras, açúcares e de sódio, e são responsáveis por mais de 50 mil mortes por ano no Brasil. Saiba mais aqui.
Alimentos ultraprocessados podem ser chamativos, saborosos e práticos de comer. A facilidade e o baixo custo são as razões pelas quais esse tipo de produto é altamente consumido no mundo. Porém, eles são um grande vilão, e seu consumo é altamente prejudicial à saúde.
Mas o que é um alimento ultraprocessado? É um tipo de produto cuja fabricação envolve várias etapas e técnicas de processamento e contém grandes quantidades de ingredientes como sal, açúcar, gorduras e ingredientes de uso industrial (corantes, aromatizantes, etc.), e por isso são nutricionalmente desbalanceados.
Carlos Augusto Monteiro, coordenador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Universidade de São Paulo (USP) esclarece mais ainda: “Alimentos ultraprocessados não são propriamente alimentos, mas sim formulações de substâncias derivadas de alimentos, frequentemente modificadas quimicamente e de uso exclusivamente industrial, contendo pouco ou nenhum alimento inteiro e tipicamente adicionadas de corantes, aromatizantes, emulsificantes e outros aditivos cosméticos para que se tornem palatáveis”.
Quais os riscos de consumo?
De acordo com um estudo realizado em 2022, e publicado na revista American Journal of Preventive Medicine, o consumo de alimentos ultraprocessados é responsável por cerca de 57 mil mortes prematuras de pessoas entre 30 e 69 anos por ano no Brasil, um número absurdo!
Segundo Monteiro, nos últimos anos vários estudos mostraram que o consumo desses alimentos causa deterioração generalizada na qualidade da dieta e o aumento sistemático do risco de diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, sendo o colorretal o mais comum, depressão, doenças gastrointestinais, doenças renais, entre outras doenças crônicas.
Como identificar os produtos ultraprocessados no mercado?
Uma forma prática de distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é consultar a lista de ingredientes dos rótulos de produtos que possuem mais de um ingrediente. Um produto é considerado ultraprocessado quando tem um alto número de ingredientes (com mais de cinco) e a presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados nos preparos culinários em casa (gordura vegetal hidrogenada, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, etc.).
“Se a lista for longa, já pode acender o sinal amarelo. Se você identificar ingredientes com nomes estranhos e que você não tem em casa, a probabilidade de ser um ultraprocessado é altíssima (...) Um biscoito recheado de morango, em tese, não deveria ter aroma idêntico ao do morango. Se tem, é porque não tem morango de verdade, e aí temos um ultraprocessado”, disse Monteiro.
E quais são os alimentos ultraprocessados?
Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, a lista de alimentos inclui: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes e outras bebidas saborizadas artificialmente, barras de cereais, macarrão instantâneo, sopas de pacote, sorvetes, sucos em pó, embutidos, misturas de bolo em pó, misturas de sopa em pó e refeições congeladas prontas para consumo.
Uma questão aqui: geralmente, pães não são produtos ultraprocessados, mas podem se tornar caso eles tenham ingredientes que vão além da farinha de trigo, leveduras, água e sal, ou seja, se também possuírem gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.
Nova rotulagem dos alimentos
No Brasil, entrou em vigor em 09 de outubro deste ano a nova regra aprovada pela Anvisa em 2020, a RDC 429/2020, sobre rotulagem nutricional de alimentos e bebidas industrializados e ultraprocessados.
Agora, esses produtos devem mostrar claramente na parte frontal da embalagem as informações de alto teor em gordura saturada, em sódio ou em açúcar adicionado. O objetivo é passar mais clareza e legibilidade das informações para auxiliar o consumidor a realizar escolhas alimentares mais conscientes.