Um novo modelo para explicar a matéria escura pode resolver 2 problemas na Física
Um modelo chamado self-interacting dark matter (SIDM) pode explicar problemas que os modelos anteriores sobre matéria escura apresentam.
Cerca de 85% da matéria do Universo é de um tipo chamada de matéria escura enquanto todo o resto que vemos - matéria visível - consiste de apenas 15%. Em outras palavras, tudo que observamos não chega a ser nem metade da matéria que há no Universo. Nós vivemos em um Universo que nem sabemos direito o que é mais de 3/4 dele.
Esse é um dos motivos que a busca para compreender a matéria escura é uma área quente na Física. A matéria escura e energia escura são os tópicos principais dentro da Ciência e a pessoa que finalmente conseguir explicar o que é, provavelmente, levará o Nobel.
É isso que um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia está buscando. Em um novo artigo publicado na Astrophysical Journal Letters, o grupo propôs um modelo chamado self-interacting dark matter (SIDM). Esse novo modelo consegue explicar dois problemas que outros modelos de matéria escura ainda anão responde.
Matéria escura
Até onde sabemos podemos dividir a matéria do Universo em dois tipos: matéria visível e matéria escura. A matéria visível, também chamada de matéria bariônica, consiste em tudo aquilo que observamos desde nós mesmos até estrelas e galáxias. O nome visível vem justamente por ela ter interação eletromagnética.
A matéria escura é um tipo de matéria que não possui interação eletromagnética e não conseguimos observá-la através de nenhum tipo de luz. A existência da matéria escura só é detectada a partir de interações gravitacionais onde percebemos que há algo “invisível” interagindo com a matéria de galáxias e aglomerados.
Diferença de matéria escura e energia escura
Uma questão bastante comum é se matéria escura e energia escura estão associadas de alguma forma. Cada termo está associado com um fenômeno diferente. Enquanto a matéria escura está associada com um tipo de matéria que só interage gravitacionalmente, logo, de forma local, a energia escura está associada com escalas maiores.
A energia escura é relacionada com a expansão do Universo. O Universo está se expandindo aceleradamente e a causa disso ainda é desconhecida. O nome para a “coisa” responsável por essa expansão se tornou energia escura. A energia escura é justamente aquilo que faz o Universo se expandir e não sabemos exatamente do que se trata.
Quais modelos atuais de matéria escura?
Nas últimas décadas, vários físicos e astrofísicos propuseram a explicar a matéria escura com diferentes modelos. Atualmente, as apostas estão altas para um modelo chamado cold dark matter ou CDM.
A natureza das partículas no CDM ainda é desconhecida apesar que muitos físicos colocam suas apostas em partículas chamadas WIMPs. WIMPs seriam partículas que interageriam fracamente mas ainda possuem massa, ou seja, a interação gravitacional seria detectável.
O problema da CDM
Apesar de ser o modelo favorável tanto por observações de estruturas no Universo quanto por simulações computacionais, a CDM ainda tem um caminho para explicar alguns aspectos. Um deles seria sobre halos com densidade alta de matéria escura em torno de galáxias elípticas e outro sendo sobre galáxias ultra-difusas.
Esses dois aspectos seriam extremos opostos já que um trata sobre alta densidade de matéria escura enquanto o outro seria sobre quando a densidade é baixa. Essas são duas peças do quebra-cabeça que ainda faltam ser encaixadas pelo CDM.
SIDM
Para resolver esses problemas, o grupo da Universidade da Califórnia propôs um modelo chamado self-interacting dark matter ou SIDM. Nesse modelo, as partículas interageriam por algo que eles chamam de “força escura” e colisões ocorreriam principalmente nos centros das galáxias.
O grupo simulou o modelo utilizando simulações computacionais que explicariam observações dos dois aspectos citados acima. Eles chegaram a conclusão que essas colisões poderiam transferir calor e afetar a densidade naquela região e no halo. Isso poderia explicar os dois extremos.
Estamos próximos de encontrar a matéria escura?
A SIDM surge como uma proposta para a matéria escura mas há uma boa briga com outros modelos que assumem que a matéria escura não é colisional. Diversas observações mostraram que a matéria escura tem essa característica de não ser colisional e a SIDM terá que explicar essas observações.
Ainda é um caminho longo para a SIDM e outros modelos. A CDM ainda permanecerá por um tempo como a favorita dos físicos e, quem sabe, alguém confirme que ela é o modelo certo para explicar a matéria escura. Mas até lá é interessante novos modelos surgirem para explicar o que a CDM ainda não explica.