Uma "floresta" de antenas no Ártico conecta centenas de satélites
Em uma ilha próximo ao Pólo Norte, há uma centena de planaltos com antenas poderosas e, graças à elas, os satélites que orbitam o planeta podem enviar e receber informações todos os dias.
Em um planalto no Ártico norueguês, a cerca de 1.000 km do Polo Norte, está a estação de satélite de Svalbard, também conhecida como SvalSat. Essa estação não é como outra qualquer, ela é a mais setentrional que existe hoje e, além disso, é o maior centro de localização por satélite do mundo.
SvalSat está localizada em um planalto montanhoso a 500 metros de altura na ilha de Spitsbergen. No terreno da estação existem 100 cúpulas gigantes que se erguem como uma grande floresta de 12 metros de altura, e as suas antenas internas são capazes de fazer 3.500 contatos por dia com as centenas de satélites que passam pelo céu na região.
Essa região inóspita é ideal para abrigar este tipo de estação por vários motivos. O principal deles é a localização privilegiada que permite que um grande número de satélites, mesmo aqueles em órbita média, sejam observados simultaneamente e por mais tempo do que em outras latitudes. Uma segunda vantagem é que no frio ártico não são necessários os robustos sistemas de resfriamento que costumam ser instalados para estes instrumentos.
A estação de satélite é fundamental para monitorar o que está acontecendo na atmosfera e na superfície terrestre. Cada uma dessas antenas mantém contato com um satélite desde o momento em que ele aparece no horizonte e o segue enquanto ele viaja pelo céu. Durante estes poucos minutos, há uma troca massiva de dados, que pode incluir desde informações sobre o derretimento do gelo terrestre ou a temperatura dos oceanos, até um código de software com novas instruções para o satélite. Como resultado, a estação baixa uma grande quantidade de dados, que são transportados por mar para o continente norueguês através de cabos de fibra ótica.
A estação e o clima inóspito
Ela foi inaugurada em 1997 com uma equipe de aproximadamente 20 pessoas. Hoje, a equipe que opera, repara e mantém as antenas ultrapassa 40 pessoas. O local tem, em média, 170 dias de neve por ano e a neve pode degradar os sinais que viajam para o espaço e vêm de lá. Os operadores dedicam grande parte de seu tempo para limpar o exterior das cúpulas.
As condições meteorológicas também costumam afetar o acesso à estação. Embora esteja a apenas dez quilômetros da cidade de Longyearbyen, ela fica no final de uma longa e íngreme estrada, onde o risco de acidentes de trânsito e de avalanches é muito grande. Ir para o trabalho torna-se uma atividade perigosa. Até a própria estação pode ficar encoberta pela neve. Em casos de avalanches, grande parte do pessoal pode ser evacuada de helicóptero.
Quando a estação começou a operar, na década de 1990, ela servia principalmente aos satélites europeus. Mas, a partir de 2004, também incorporou a recepção de informações de outros países e, entre os clientes hoje, estão a Organização Européia de Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA), a Agência Espacial Européia (ESA) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
Além dos serviços de satélite, o local também possui uma estação de medição de partículas radioativas no ar operada pela Norwegian Seismic Array, uma instalação de telecomunicações operada pela Telenor, uma estação meteorológica operada pelo Instituto Meteorológico da Noruega e uma estação meteorológica operada pela SvalSat.