Vacina de RNA mensageiro contra a Mpox surpreende com dados em modelo animal

Uma vacina de RNA mensageiro, desenvolvida pela Moderna, passou por testes em modelos animais, apresentando resultados iniciais promissores e superiores à vacina atualmente em uso no mundo. Dados de estudos em humanos devem ser divulgados em 2025.

mpox vacina
Estudo publicado na Cell traz dados da vacina de RNA mensageiro contra Mpox da Moderna em modelos animais.

Dados da vacina de RNA mensageiro da farmacêutica Moderna foram divulgados, recentemente, na revista científica internacional Cell.

Atualmente, o Brasil usa vacinas de RNA mensageiro contra a Covid-19 desenvolvidas pela Moderna, a Spikevax

O estudo foi conduzido com animais, os quais apresentaram uma resposta de anticorpos robusta e aprimorada, menor número de lesões resultantes da doença, além de um maior controle viral nas mucosas e na circulação.

O estudo

A vacina de RNA mensageiro foi desenvolvida com nanopartículas lipídicas contendo quatro principais alvos: os antígenos do vírus da Mpox (MPXV) A29, A35, B6 e M1, envolvidos na fixação e infecção viral sobre as células hospedeiras.

Para investigar se a vacina é capaz de induzir a resposta imunológica contra o vírus da Mpox, os animais foram divididos nos grupos:

  1. Animais que receberíam a vacina de RNA mensageiro (mRNA-1769);
  2. Animais que receberíam a vacina de vírus atenuado não replicante Jynneos (usada durante a emergência sanitária de interesse internacional de 2022-2023, a qual contém Modified vaccinia Ankara (MVA);
  3. Animais do grupo controle, os quais não receberíam nenhuma vacina;

      O estudo também realizou um modelo de desafio imunológico, expondo os animais ao MPXV clado I, o qual deriva a versão do vírus atualmente em circulação e relacionado com a Emergência Sanitária de Interesse Internacional (o clado Ib).

      Resultados promissores

      Tanto a vacina mRNA-1769, quanto a vacina MVA (Jynneos) conferiram proteção completa após o desafio imunológico com a exposição ao vírus da Mpox (MPXV). No entanto, os animais imunizados com mRNA-1769 apresentaram 10 vezes menos lesões, duração reduzida da doença e mitigação substancial da viremia circulante e mucosa, segundo o estudo.

      Ainda, os animais que receberam a vacina mRNA-1769 apresentaram uma resposta com anticorpos neutralizantes (capazes de neutralizar a ação do vírus no organismo) mais robusta contra os quatro antígenos de MPXV induzidos pela vacina.

      Com relação a letalidade, animais que receberam a vacina de mRNA-1769 foram completamente protegidos, além de apresentarem ainda menos lesões oriundas da doença, em comparação com animais vacinados com MVA. Segundo os autores, em comparação com animais vacinados com MVA, a duração da doença foi reduzida em mais de 10 dias, com a vacina mRNA-1769 fornecendo proteção superior contra perda de peso, números de lesões, duração da lesão e replicação viral na garganta e no sangue.

      Limitações e Perspectivas

      Infelizmente, o estudo não incluiu a análise da resposta imunológica celular, mas, segundo os autores, será incluída em estudos futuros, tanto pré-clínicos quanto clínicos.

      (os dados) implicam que há espaço para melhorias no arsenal de vacinas contemporâneo destinado a proteger contra ameaças emergentes de Orthopoxvírus- Mucker, E. et al., Cell, 2024

      Segundo reportagem do G1, "a Moderna informou que esses estudos (com a vacina em humanos) começaram recentemente, com cerca de 350 participantes no Reino Unido, e devem continuar até 2025, quando os resultados completos sobre segurança e eficácia serão divulgados".

      Atualmente, o número de casos de Mpox no Brasil, em 2024, supera o total registrado no ano anterior (2023). Entre casos confirmados, suspeitos e prováveis, o Brasil contabiliza um total de 1.024 casos de Mpox.