Vacina em fase de estudos apresenta dados promissores contra câncer letal
A vacina em fase inicial de estudos é feita a partir do RNA mensageiro de antígenos encontrados no câncer, e estimulou uma resposta imunológica contra o glioma espontâneo em caninos, e contra o glioblastoma em quatro pacientes humanos.
Dados recentes de um estudo publicado na revista Cell mostram que uma vacina de RNA mensageiro foi capaz de acionar o sistema imunológico contra gliomas em cães, aumentando a sua sobrevivência.
Ainda, em um ensaio inicial em humanos, essa vacina foi capaz de gerar uma resposta imunológica similar, específica contra o glioblastoma de pacientes.
Sobre a vacina
A vacina em questão é parecida com a versão que conhecemos contra o SARS-CoV-2, com a diferença que os antígenos utilizados são encontrados em células cancerígenas.
Ainda, essas moléculas são envoltas por partículas lipídicas, as quais tem um arranjo parecido com as camadas de uma cebola, aumentando a distribuição dessas diversas moléculas, aumentando a imunogenicidade, ou seja, a capacidade de gerar respostas efetivas no hospedeiro.
Dados iniciais, mas promissores
A resposta vista acionou as primeiras linhas de defesa do organismo, chamadas de resposta inata, além de uma resposta altamente específica contra o câncer, chamada de resposta adaptativa, em pacientes com glioblastoma refratários a imunoterapia.
Tanto os dados em roedores e caninos, quanto os dados iniciais em humanos demonstram a potencialidade dessa ferramenta contra um dos cânceres mais letais que conhecemos.
Limitações do estudo
Apesar de os dados serem promissores e confirmados em testes pré-clínicos (em roedores e caninos), além de um estudo clínico inicial em pacientes com glioblastoma refratário a imunoterapia, ainda são necessários mais estudos para compreender o perfil de segurança e eficácia em um grupo maior de pacientes.
Ainda, será importante investigar o regime de doses necessárias para se obter um efeito clínico significativo (ou seja, quantas doses o paciente precisará receber ao longo do tempo), além de conciliar essas doses com o tratamento padrão, a fim de obter o maximizar o efeito terapêutico.
Uma nova era de tratamentos
Vacinas contra câncer tem ganhado notoriedade nos últimos anos, como uma ferramenta promissora e personalizada para diferentes tipos de câncer.
A partir da cirurgia de retirada/biópsia do câncer, moléculas exclusivas desse câncer capazes de serem reconhecidas pelo sistema imunológico (chamadas de antígenos) são mapeadas para construir uma vacina contra o câncer do paciente.
As vacinas de RNA mensageiro contêm a informação para a construção desses antígenos encontrados na superfície de células cancerígenas, e estimulam o sistema imunológico do paciente a reconhecê-las e eliminar células que expressam esses antígenos.
Ainda, estudos recentes vem demonstrando o potencial dessas vacinas em reduzir o risco de recorrência da doença. Em um estudo com melanoma, o uso da vacina em conjunto com um tratamento reduziu o risco em quase 50% de recorrência da doença em comparação com o tratamento isolado, contribuindo para o prolongamento da vida do paciente.