Vida em Marte: Há fungos vivendo no planeta vermelho?
Um estudo recente indica a presença de fungos na superfície de Marte, a partir da análise de imagens capturadas por missões enviadas ao planeta vermelho. Será que o estudo é confiável? Há mesmo vida extraterrestre?
Uma descoberta que pode mudar os rumos da ciência: Vida em Marte. Imagens capturadas por missões enviadas ao planeta vermelho mostram o que parecem ser cogumelos ou espécies de fungos crescendo no planeta. Mas será que a análise é realmente confiável?
De acordo com o pesquisador Rhawn Gabriel Joseph e sua equipe, fotos sequenciais documentam espécimes marcianos semelhantes a fungos emergindo do solo e aumentando de tamanho, sendo que muitos são similares à espécie Basidiomycota, encontrada na Terra.
Além disso, outras imagens exibem manchas capazes de crescer até 300 metros na primavera e desaparecer no inverno; um padrão que pode representar colônias massivas de fungos pretos, mofo, líquenes, algas, metanógenos ou espécies redutoras de enxofre.
Desta maneira, os pesquisadores foram capazes de identificar diversas possíveis espécies de fungos extraterrestres nas imagens e ressaltaram que, embora semelhanças na morfologia não sejam prova de vida, crescimento, movimento e mudanças na forma e localização apoiam a hipótese de que existe vida em Marte.
Podemos confiar nos resultados?
A resposta curta é: NÃO. Publicações científicas e descobertas precisam passar pelo crivo da comunidade de cientistas ao redor do mundo, que podem tanto confirmar uma hipótese quanto descartá-la completamente. E infelizmente, para aqueles que torcem pela descoberta de vida alienígena, este estudo tem sido fortemente criticado por cientistas de diversas partes do mundo por sua inconsistência.
O geólogo Jonathan Clarke, por exemplo, disse à SCMP que a hipótese de que as observações sejam fungos não faz jus à realidade. O solo marciano não contém matéria orgânica para sustentar o crescimento de fungos. As esferas descritas no artigo são pequenas rochas do tamanho de grãos de pimenta-do-reino compostas por hematita, já estudadas anteriormente.
David Flannery, da Universidade de Tecnologia de Queensland, ressalta que cientistas estão ávidos para encontrar traços de vida no planeta vermelho, mas que o processo é mais difícil do que parece. Como a superfície de Marte é tóxica, banhada por radiação solar mortal e não possui água em estado líquido, os cientistas estão focados principalmente em buscar fósseis em rochas antigas.
Brendan Burns, da Universidade de New South Wales, ressalta ainda que todas as evidências disponíveis sugerem que a superfície de Marte não contém seres vivos. O rover Perseverance, da Nasa, e o chinês Zhurong - que logo será entregue ao planeta - buscarão evidências de vida alienígena no planeta, mas ainda precisamos aguardar pelos dados.
Fungos como moradia em outros planetas
Apesar de podermos assumir com razoável certeza que não há cogumelos crescendo em Marte, uma divisão da NASA tem pesquisado a possibilidade de utilizar fungos para construir habitações em planetas inóspitos, como a Lua e Marte - Ou mais especificamente, uma parte dos fungos chamada de micélio.
O micélio é a parte vegetativa de um fungo e, quando moldada em tijolos, é mais resistente que madeira e até mesmo concreto reforçado. É também isolante térmico, não pega fogo, protege os astronautas da radiação e é capaz de crescer e se auto-reparar caso nutrientes e água sejam fornecidos.
Portanto, tudo indica que ainda veremos fungos em Marte no futuro - Só não exatamente da maneira como esperávamos.