Zelândia: mapeando o novo continente
Pela divisão convencional dos continentes, o mais comum é reconhecer seis: Ásia, Antártica, Europa, África, Oceania e América. Mas um novo mapeamento do fundo do mar garante que Zelândia seja outro candidato para essa lista. Onde está?
Rumores de que um continente perdido poderia existir sob a Nova Zelândia e Nova Caledônia não são novos. Zelândia, chamada de continente oculto, foi descoberta em 1642 e, desde então, dezenas de equipes de geólogos têm se dedicado a estudar sua composição, geologia, elevação, estrutura da crosta, área e limites. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Queensland, passou quase um mês mapeando e estudando a região, a fim de fornecer novos dados do continente.
94% da Zelândia está submersa no oceano. Afundou após se separar de Gondwana entre 83 e 79 milhões de anos atrás, e apenas parte da Nova Zelândia e Nova Caledônia no Pacífico Sul são visíveis fora da água. Desde 2014, grande parte da comunidade científica o reconheceu como um continente e já aparece em mapas, mas seus limites exatos ainda são desconhecidos.
"Nossa expedição coletou dados topográficos e magnéticos do fundo do mar para entender melhor como a estreita conexão entre os mares da Tasmânia e do Coral foi formada na região de Cato Trough, o estreito corredor entre a Austrália e a Zelândia. O fundo do mar está cheio de pistas para entender a complexa história geológica das placas continentais da Austrália e da Zelândia", disse Derya Gürer, coordenadora do projeto.
Os dados revelaram que este continente é composto por quase 5 milhões de quilômetros quadrados, o que o torna maior do que a Índia ou a Groenlândia. A investigação não apenas confirmou sua localização, mas também revelou linhas sísmicas, origens tectônicas e deu pistas sobre a separação entre a Ásia e a Zelândia. Acredita-se que os dados também incluam informações sobre vários pequenos fragmentos continentais, ou microcontinentes, que se separaram da Austrália e do supercontinente Gondwana no passado.
Os continentes
Até o momento, não existe um órgão regulador no mundo responsável pela nomeação dos continentes oficiais. A divisão dos continentes é tão convencional que entre quatro e sete continentes no total são reconhecidos, e essa classificação ocorre por vários motivos, de geográficos a culturais.
Por isso, cientistas da University of Queensland aguardam que outros especialistas se unam à análise da Zelândia como continente para que sua proposta se consolide com credibilidade, já que, caso contrário, permanecerá apenas como um “desejo teórico”, ao invés de um remodelação geográfica radical.
Mergulhando nas profundezas
A viagem de barco também serviu para reunir informações para outras investigações. Os dados cartográficos serão incorporados em outro projeto maior, o “Seabed 2030”, que visa disponibilizar ao público um mapa completo do fundo do oceano até 2030. De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), até agora menos 10% do fundo do mar foi pesquisado por métodos modernos de sonar.
A oportunidade também foi aproveitada para melhorar a metodologia de amostragem para monitoramento de microplásticos e para coletar dados sobre aves marinhas. “Por meio do sistema de fluxo contínuo de água do mar do navio, analisamos mais de 100 amostras de microplásticos, além de 40 amostras coletadas em uma viagem anterior, e apenas uma amostra não continha nenhum microplástico visível”, disse o Dr. Jonell, da Universidade de Queensland