O que há dentro da Lua? Pesquisadores respondem essa pergunta pela 1ª vez em detalhes

Pesquisadores publicam artigo na Nature descrevendo detalhes sobre o interior da Lua com dados obtidos pela missão Apollo.

O que há dentro da Lua? Pergunta de séculos pode finalmente ser respondida com dados das missões Apollo.
O que há dentro da Lua? Pergunta de séculos pode finalmente ser respondida com dados das missões Apollo.

Alguns planetas podem possuir satélites que são objetos menores e bem menos massivos que são atraídos pela interação gravitacional do planeta. No caso do planeta Terra, a Lua é o único satélite natural e tem um papel na vida na Terra como regular as marés e contribuir para o equilíbrio do eixo terrestre. A Lua tem um diâmetro de aproximadamente 3474 km e possui uma superfície coberta por crateras, mares de lava solidificada e montanhas.

Apesar de décadas de estudo, o interior da Lua ainda é uma pergunta em aberto com poucas respostas. Ela possui um núcleo, um manto e uma crosta, mas sua estrutura exata e composição ainda são estudadas por astrônomos no mundo inteiro. Alguns modelos indicam que seu núcleo pode ser parcialmente líquido, enquanto outros sugerem que ele seja sólido e rico em ferro.

Um novo estudo publicado na revista Nature utilizou dados sísmicos coletados pelas missões Apollo para mapear melhor o interior da Lua. A pesquisa confirma a existência de um núcleo interno sólido, semelhante ao da Terra, mas com apenas uma fração de sua densidade. Esses resultados ajudam a entender melhor como a Lua evoluiu e como ela se formou, onde um dos modelos diz que foi graças a um impacto com a Terra.

Lua

A Lua é o satélite natural da Terracom um diâmetro de aproximadamente 3474 km e uma gravidade cerca de 1/6 da terrestre. Ela não tem uma atmosfera significativa que causa variações extremas de temperatura dependendo o lado que está voltado para o Sol. Sua origem é descrita como o impacto da Terra primitiva com um corpo semelhante à Marte há cerca de 4,5 bilhões de anos.

Sua superfície é coberta por crateras que é possível observar a olho nu e também é possível observar os detalhes com telescópios caseiros.

Um dos marcos mais importantes da humanidade em relação à lua foram as missões Apollo. Principalmente a missão Apollo 11, lançada em 16 de julho de 1969, que foi a primeira a levar seres humanos até à superfície da Lua. Neil Armstrong foi o primeiro a pisar na Lua e durante cerca de duas horas e meia, os astronautas coletaram amostras, realizaram experimentos. As missões Apollo forneceram muitos dados para estudar a Lua.

Missão Apollo

A ideia por trás da missão Apollo era levar humanos à Lua e por isso foi criado um programa espacial dos Estados Unidos entre 1961 e 1972. Apesar da Apollo 11 ser a mais conhecida por ter sido a primeira a colocar a humanidade na Lua, outras missões Apollo também contaram com astronautas pisando no solo lunar. No total, seis missões Apollo pousaram na Lua, coletando amostras, instalando experimentos científicos e obtendo dados.

As missões Apollo também foram importantes para avanços tecnológicos e científicos, além da exploração lunar. Os avanços incluíram melhorias em sistemas de navegação, materiais resistentes ao calor e transmissão de dados. Muita tecnologia que foi desenvolvida depois e aplicada nos dias atuais começaram com aplicações na exploração espacial durante o período da Guerra Fria.

Mistério do interior da Lua

Em 2023, um estudo que utilizou dados obtidos pela missão Apollo confirmou que a Lua possuía um núcleo interno que seria uma esfera sólida com densidade semelhante à do ferro. Pela pouca atividade tectônica, entender o interior lunar é um desafio mas que é possível graças à sensores sísmicos. Esses dados conseguem criar uma espécie de mapa do que é observado dentro da Lua.

Interior da Lua foi descrito com dados obtidos durante a missão Apollo. Crédito: EOS
Interior da Lua foi descrito com dados obtidos durante a missão Apollo. Crédito: EOS

A análise da composição interna da Lua foi justamente obtido através desses dados sísmicos de equipamentos deixados pela missão Apollo. Com ela, a estrutura interna foi mapeada com base na propagação das ondas acústicas. No entanto, esses dados sísmicos da missão Apollo possuem uma resolução baixa e difícil de prever o estado do núcleo interno apenas com esses dados.

O que há dentro da Lua?

Sabe-se que a Lua possui um núcleo externo fluido, mas se há um núcleo interno sólido ou se toda a região é líquida ainda é debatido. Em novo artigo, uma equipe analisou dados de missões espaciais e experimentos de medição a laser para criar um perfil detalhado das características lunares. Eles consideraram fatores como a deformação da Lua devido à interação gravitacional com a Terra, variações em sua distância e sua densidade.

Em seguida, realizaram modelagens com diferentes tipos de núcleo para identificar qual correspondia melhor aos dados observacionais. Os resultados indicaram que o núcleo da Lua é semelhante ao da Terra, com uma camada externa fluida com um raio de cerca de 362 km. Além disso, também tem um núcleo interno sólido com 258 km, o que corresponde a 15% do raio total da Lua e uma densidade semelhante à do ferro.

Referência da notícia

Briaud et al. 2025 The lunar solid inner core and the mantle overturn Nature