A importância da Amazônia na umidade do Brasil
Tanto a floresta Amazônica como a Cordilheira dos Andes empenham papeis importantes no clima da América do Sul. No Brasil, a umidade do período chuvoso em sua grande maioria procede do bioma Amazônia. A preservação da floresta é fundamental para a biodiversidade e para o clima.
Nosso planeta apresenta uma grande variabilidade de condições climáticas em função de fatores como a latitude, altitude, maritimidade (ou continentalidade), relevo, vegetação etc. Além disso, os meteorologistas reconhecem 3 células meridionais (norte-sul) da circulação geral da atmosfera em cada hemisfério do globo.
O modelo idealizado de 3 células é dividido entre a célula de Hadley (região equatorial e tropical), célula de Ferrel (latitudes médias) e célula polar (polo). Das três células citadas, a célula de Hadley é a mais dominante sobre o Brasil. Na circulação de Hadley, o encontro dos ventos alísios de ambos hemisférios nas proximidades do equador terrestre gera movimentos ascendentes, que por sua vez resulta em trovoadas e fortes chuvas, caracterizando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
No entanto, a célula de Hadley é marcada pelo levantando do ar úmido e quente na região equatorial e pelo afundamento do ar frio e seco no subtrópico, onde se localizam as altas pressões subtropicais. Boa parte do Centro-Sul brasileiro está nesta zona climática, assim como os grandes desertos do mundo (Kalahari, Outback, Saara, Sonora, Atacama etc). Mas porque essa região do país não é um deserto?
A explicação se deve a dois principais motivos, os Andes e a floresta Amazônica. A cordilheira é uma barreira natural para que os ventos de baixos níveis provenientes da região equatorial/tropical sejam barrados e canalizados para latitudes maiores. Enquanto isso, as terras densamente vegetadas ao norte contribuem para a adição de vapor d’água na atmosfera, tornando os ventos de norte mais úmidos em direção ao Centro-Sul do país.
Quando estamos no verão austral, os ventos alísios de nordeste estão mais intensos e sopram do Atlântico Norte para a bacia Amazônica. Ao longo do percurso sobre o Atlântico, a evaporação do oceano faz com que os ventos cheguem na floresta carregados de umidade. Entretanto, o processo de evapotranspiração na Amazônia em larga escala adiciona mais vapor d’água ainda na atmosfera, reciclando a umidade que havia chego via oceano. A evapotranspiração se refere a perda de água do solo por evaporação e também a perda de água das plantas devido a transpiração.
Como resultado das complexas interações entre o oceano, a floresta e os Andes, um escoamento quente e úmido de norte favorece a ocorrência dos aguaceiros e tempestades de verão em vários Estados do Centro-Sul. Em alguns casos, um corredor de ventos mais fortes da Amazônia em direção ao sul popularmente conhecido por “Rios Voadores” se configura, trata-se do jato de baixos níveis no linguajar meteorológico.
Deste modo, o efeito topográfico dos Andes e a umidade oriunda da Amazônia contribuem para a manutenção das chuvas em latitudes mais altas, permitindo as práticas agrícolas, pecuárias e a geração de energia hidrelétrica ao longo da bacia do rio Paraná, por exemplo. Portanto, a preservação da floresta é de extrema importância não só para o clima da América do Sul, mas também para a biodiversidade, para a remoção de dióxido de carbono da atmosfera etc.