A mudança climática ameaça transferir a agricultura para áreas selvagens e frias
Os efeitos das mudanças climáticas são cada vez mais visíveis. Um deles é a perda de terras cultiváveis: consequentemente, a agricultura foi deslocada. As áreas próximas aos polos podem se tornar adequadas para o cultivo?
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Exeter mostrou as possíveis consequências do aumento das temperaturas globais na agricultura global. Com as mudanças climáticas, o risco de expansão agrícola aumentou, porque muitas áreas cultiváveis foram afetadas.
Com base nas estimativas do modelo utilizado, prevê-se que, dentro de 40 anos, 7% dos espaços naturais em altas latitudes ���fora da Antártica– se tornem aptos para cultivos, o que levaria a uma grande perda de biodiversidade nestas áreas polares.
Esses resultados, publicados na revista Current Biology, foram alcançados por meio da análise de informações de 1.708 culturas provenientes de um banco de dados criado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
A autora principal do trabalho, Dra. Alexandra Gardner, reafirma que há um grande risco de aumento na aptidão agrícola de áreas selvagens frias devido ao aquecimento global acelerado. E ela comenta também que "76% das novas terras aptas em altas latitudes são atualmente terras virgens, o que equivale a 10% da área total de terras virgens fora da Antártica".
Qual é a situação agrícola em latitudes altas?
Atualmente, as áreas selvagens nas regiões árticas e subárticas apresentam grandes desafios devido à disponibilidade limitada de solo fértil, dadas as condições climáticas extremas. Mesmo assim, através de diversas técnicas agrícolas é possível conseguir cultivar em curtos períodos.
O período de crescimento das plantas é curto, portanto aquelas que se adaptam melhor ao frio e que amadurecem rapidamente devem ser escolhidas com cuidado. Para prolongar esta temporada, são utilizadas estufas e túneis de cultivo para ajudar a reservar as plantações. A agricultura hidropônica também é utilizada como uma opção possível em áreas onde o solo é de má qualidade.
Redução de terras cultiváveis no mundo
Desde a década de 1990, os cientistas estimam que 3,3 milhões de quilômetros quadrados de terras cultiváveis foram perdidos. Atualmente, grande parte dos espaços naturais destinados à agricultura encontram-se em regiões próximas ao equador. Essas terras foram danificadas devido às mudanças climáticas e outros problemas como o desmatamento.
Neste contexto, a segurança alimentar global e o meio ambiente foram afetados. A isto acrescenta-se que a produção de alimentos poderá duplicar até 2050 para satisfazer as exigências das crescentes populações humanas. A preocupação também gira em torno da perda de biodiversidade devido ao deslocamento agrícola.
É por isso que devemos avançar em direção a um futuro de carbono neutro e de sustentabilidade ambiental. Devemos começar pela redução das emissões de gases de efeito estufa, a fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. É também necessário reduzir o desperdício alimentar e o consumo de carne. Para proteger o rendimento dos cultivos, são recomendadas práticas agrícolas sustentáveis, como o uso eficiente de água e agrossilvicultura.