Pesquisa indica que o desenvolvimento de laços sociais entre animais que vivem em grupo é um processo lento
Construir amizades não é uma interação simples e rápida. Pesquisas recentes revelam que o desenvolvimento de laços sociais leva bastante tempo, com uma construção gradual de interações mutuamente benéficas.
Uma equipe de pesquisadores da SUniversidade de Estocolmo e da Universidade de Neuchâtel revela pesquisas intrigantes sobre a evolução dos laços sociais e da cooperação entre animais que vivem em grupos sociais. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Laços sociais em animais que vivem em grupo
Os laços sociais são importantes em animais que vivem em grupo, como chimpanzés, elefantes, morcegos e outros. Garantir laços fortes significa melhores cuidados infantis. Por exemplo, as elefantes fêmeas cuidam dos filhotes umas das outras, dando às fêmeas mais jovens a oportunidade de aprender com mães mais experientes e maximizando a sobrevivência dos filhotes através do cuidado em grupo.
O compartilhamento de alimentos é outra vantagem do desenvolvimento de laços sociais. Sabe-se que os chimpanzés compartilham alimentos de uma caçada bem-sucedida com outros chimpanzés que eles gostam, para melhorar seu bem-estar e reduzir conflitos. Além de compartilhar alimentos, a preparação (cuidado) melhora a força dos laços sociais entre os animais e reduz a presença de pragas/parasitas residentes no cabelo ou na pele. Esse controle de pragas pode melhorar a saúde dos indivíduos e de todo o grupo.
Comportamento cooperativo e altruísta
Laços sociais fortes podem se manifestar em um comportamento cooperativo em benefício de grupos de animais e/ou em um comportamento altruísta, onde um pequeno sacrifício de um indivíduo pode ajudar o indivíduo a quem está ligado. No que diz respeito aos modelos da teoria dos jogos, o desenvolvimento e o estabelecimento de laços sociais que promovam a cooperação significam uma “estratégia vencedora” no jogo da sobrevivência.
‘A importância da coesão social’
As conclusões do estudo indicam que os laços sociais se desenvolvem lentamente através de uma história de interações mutuamente benéficas (que promovem fortes laços sociais) dentro de grupos de amizade.
O desenvolvimento de laços sociais pode ocorrer em grupos pequenos ou maiores, dependendo do nível de interação possível entre os indivíduos e os parceiros que compõem os subgrupos menores. O estudo destacou que os grupos vinculados não apenas se mantêm isolados, mas procuram ativamente outros membros que não pertencem ao grupo para desenvolver laços sociais, expandindo o seu grupo de amizade.
“A forma como os membros do grupo interagem com novos indivíduos é muito discutida e, recentemente, tem sido enfatizada a ideia de que as amizades com novos indivíduos se desenvolverão muito lentamente. A nossa análise sugere que este não precisa ser o caso”, disse Olof Leimar, professor do Departamento de Zoologia da Universidade de Estocolmo.
Os pesquisadores esperam que o seu trabalho estabeleça as bases para futuras investigações relativas ao desenvolvimento de novos laços sociais, que irão promover a compreensão da comunidade científica sobre como a amizade e a cooperação evoluíram entre os animais que vivem em grupos.
Referência da notícia:
Leimar, O.; Bshary, R. Social bond dynamics and the evolution of helping. Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), v. 121, n. 11, 2024.