A saúde da nova geração ameaçada pelas mudanças climáticas globais
Um novo relatório alerta que o aquecimento global e o aumento da poluição do ar representam grande ameaça à saúde da nova geração de crianças, podendo causar profundos impactos desde seus primeiros dias até o final de suas vidas.
Atualmente já observamos uma série de consequências terríveis das mudanças climáticas globais, associadas principalmente ao aquecimento global causado pela emissão de gases de efeito estufa pelas atividades humanas. Porém, a mais terrível delas será sentida pela nova geração, as crianças nascidas hoje, que terão sua saúde profundamente afetada pelo aumento das temperaturas globais e da poluição atmosférica.
Um relatório divulgado no dia 13 de novembro, publicado na revista científica The Lancet, chamado “Contagem regressiva sobre Saúde e Mudanças Climáticas” alerta que uma criança nascida hoje experimentará um planeta 4°C mais quente que o período pré-industrial, e que as mudanças do clima impactarão sua saúde desde sua infância e adolescência até a idade adulta e velhice. Esse relatório representa os resultados e consenso de 35 instituições acadêmicas internacionais e agências da ONU de todos os continentes, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o relatório, já registramos um aquecimento de 1°C na temperatura média do planeta, 8 dos 10 anos mais quentes dos registros históricos ocorreram nessa década, e se não conseguirmos limitar esse aquecimento em até 2°C, conforme estabelecido no Acordo de Paris, a saúde da nova geração será prejudicada do início ao fim de diversas maneiras. A primeira delas será através da ameaça à segurança alimentar das crianças em seus primeiros anos de vida, principalmente em países mais pobres, já que o aquecimento da temperatura está associado a quedas no potencial de produção global de todas as principais culturas agrícolas.
Além disso, as crianças, com seu sistema imunológico ainda em desenvolvimento, são as mais suscetíveis às doenças diarreicas e sofrem os efeitos mais graves de doenças como a dengue. A elevação das temperaturas, a mudança nos regimes de chuva e umidade aumentam as condições ideias para transmissão de doenças propagadas por mosquitos, como a malária e a dengue. Essa tendência preocupante já está sendo observada, onde 9 dos 10 anos mais propícios para a transmissão da dengue ocorreram a partir do ano 2000.
Na adolescência e fase adulta, a poluição do ar será a principal vilã da saúde da nova geração, causando danos à órgãos vitais, como pulmões e coração. Somente em 2016 a poluição do ar foi responsável pela morte prematura de 7 milhões de pessoas ao redor do mundo, onde 2.9 milhões de mortes estiveram associadas a materiais particulados finos (MP 2.5), oriundos da queima de biomassa e de combustíveis fósseis. De acordo com a OMS mais de 90% das crianças estão expostas a concentrações de MP2.5 acima das diretrizes recomendadas, o que aumenta o risco de danos irreversíveis nos pulmões.
Durante sua fase adulta, a nova geração terá que enfrentar os riscos de viver em um planeta com maior frequência e severidade de condições climáticas extremas. O período de 2000 a 2018 revela que o número médio de eventos extremos de chuva, que resultam em inundações ou secas, tem aumentado, principalmente na América do Sul e Ásia. Além do mais, haverá um aumento da exposição a incêndios florestais e ondas de calor intensas, que resultam em mortes diretas e doenças associadas ao estresse térmico.
Para que uma criança nascida hoje viva em um planeta que atingirá as emissões zero de gases de efeito estufa em seu 31° aniversário, no ano de 2050, é preciso que todos os países se comprometam a seguir as diretrizes estabelecidas pelo Acordo de Paris. Dessa forma, podemos garantir um futuro mais seguro e saudável para a nova geração.