Afinal, qual salto científico-tecnológico o telescópio James Webb nos traz?
O telescópio James Webb não serve apenas para obter imagens bonitas. Ele representa também um salto científico e tecnológico que será capaz de mudar nosso dia-a-dia e o nosso entendimento do universo.
Nesta terça-feira, a NASA divulgou as primeiras imagens capturadas pelo telescópio espacial James Webb - mostrando suas habilidades de fotografar o universo com mais detalhes do que jamais havia sido possível. Mas afinal, o telescópio terá alguma utilidade além de gerar imagens bonitas?
A resposta é, obviamente, sim. Mas para entender a importância do James Webb para a humanidade, é necessário primeiramente entender o que este telescópio tem de diferente em relação aos telescópios anteriores.
O James Webb é, primeiramente, um dos maiores feitos da engenharia em toda a história da humanidade, provavelmente o instrumento mais complexo já construído por seres humanos. Por si só, a sua construção já representa um avanço tecnológico gigantesco, com conceitos que podem facilmente impactar a tecnologia que utilizamos no nosso dia-a-dia.
Um dos maiores diferenciais do James Webb, no entanto, é seu espelho - com 6,5 metros de diâmetro, é o maior espelho já lançado para o espaço (o espelho primário do Telescópio Espacial Hubble, por exemplo, tem apenas 2,4 metros de diâmetro).
Basicamente, quanto maior a área do espelho que coleta luz, mais detalhes ele pode capturar de uma estrela ou galáxia. Com este espelho incrível e a capacidade de capturar luz na faixa do infravermelho, o telescópio será capaz de observar como o universo era a bilhões de anos atrás.
Como o James Webb é capaz de observar o passado?
Isso acontece porque a luz de objetos muito distantes demora muito tempo para chegar até nós. A luz do Sol, por exemplo, demora cerca de 8 minutos para chegar até a Terra - O que significa que, quando olhamos para o sol, estamos na verdade observando como o Sol era a 8 minutos atrás.
Observar objetos distantes é, portanto, uma maneira de observar o passado do nosso próprio Universo. As galáxias mais distantes já observadas aparecem para nós como elas eram há bilhões de anos atrás, porque a luz delas demorou bilhões de anos para chegar até nós.
Por isso, em breve, o James Webb vai capturar imagens de objetos tão distantes que serão capazes de nos mostrar o início do universo, apenas 250 milhões de anos após o Big Bang - algo que nunca fomos capazes de observar.
E mais do que isso - Uma das imagens reveladas pela NASA é um campo profundo, que mostra algumas das galáxias mais distantes já observadas por nós. Enquanto o Hubble demorava semanas para obter imagens similares, o James Webb foi capaz de obter uma imagem melhor e mais detalhada em apenas 13 horas.
É desnecessário dizer como a compreensão do início do universo pode mudar nossas vidas. Mas as descobertas do telescópio James Webb impulsionarão ainda a formulação de teorias físicas e matemáticas que poderão ser utilizadas pelos cientistas fora do âmbito da astronomia, chegando até nós na forma de novas tecnologias.
Por fim, o telescópio foi capaz até mesmo de capturar sinais de água e evidências de nuvens e neblina no planeta Wasp-96 b, que orbita uma estrela distante parecida com o Sol. Isso marca também um salto gigantesco na busca por planetas potencialmente habitáveis além da Terra.
O telescópio James Webb foi capaz de fazer a ciência dar passos gigantesco em pouquíssimos dias de operação. O que ele será capaz de nos mostrar sobre o universo e quais impactos ele causará em nossa vida nos próximos anos? Estamos curiosos e muito animados para descobrir.