Africa surpreende ao reduzir poluição mesmo com crescimento econômico
Contrariando o senso comum, estudos recentes mostram que a qualidade do ar está melhorando em uma das regiões de maior crescimento econômico do continente africano.
Ao contrário do que muitos imaginam, o crescimento econômico e populacional não precisa estar atrelado a um aumento na poluição e na destruição do meio ambiente. Estudos recentes mostram que a qualidade do ar está melhorando em uma das regiões de crescimento mais rápido do continente africano, uma excelente notícia para a natureza.
O artigo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, mostra que a concentração de gases poluentes na parte norte da África subsaariana diminuíram drasticamente à medida que a riqueza e a população na área aumentaram.
De acordo com Hickman e os demais pesquisadores, um aumento na poluição da indústria e transporte na área estudada - que abrange do Senegal e Costa do Marfim no oeste até o Sudão do Sul, Uganda e Quênia no leste - parece ter sido compensado por um declínio no número de incêndios florestais provocados por agricultores.
O fato é significativo pois, embora não seja um grande poluidor industrial, o continente registra os maiores números de queimadas e incêndios florestais do mundo, durante toda a estação seca. 70% do total de suas terras são incendiadas todo ano.
A queima é considerada um método barato e eficiente de limpar a terra para o plantio. As consequências para a saúde humana e para o clima do planeta, no entanto, são potencialmente graves. As queimadas produzem ar tóxico em áreas urbanas e impulsionam ainda mais o aquecimento global.
A boa notícia é que novos métodos de administração das terras e da agricultura tem sido cada vez mais divulgados e implementados, trazendo resultados mais eficientes e sustentáveis. Números muito menores de queimadas têm sido registrados nas fazendas do continente, o suficiente para compensar a poluição das regiões urbanas.
A descoberta é importante porque o continente está se urbanizando rapidamente e a população africana deve chegar a 2 bilhões de pessoas até 2040. Hoje, a poluição já ultrapassou a AIDS como a principal causa de mortes no continente.
Ainda assim, os governos geralmente têm dificuldade em reconhecer a importância da questão e muitas vezes priorizam o crescimento econômico acima do meio ambiente, o que significa que há pouca ênfase na coleta de dados de qualidade do ar ou na implementação de políticas públicas voltadas ao ar puro.
Por esta e outras questões, os pesquisadores estimaram que as emissões de gases poluentes devem aumentar consideravelmente nos próximos anos e reverter esta tendência positiva, já que 80% da energia gerada no continente vem do carvão ou de outros combustíveis fósseis.
De qualquer maneira, o estudo lança uma nova luz na ideia de que incentivar boas práticas ambientais, especialmente na agricultura, pode aumentar a eficiência e a lucratividade das fazendas, construir uma economia mais potente e ao mesmo tempo reduzir os impactos do aquecimento global e das mudanças climáticas no mundo.