Alta Subtropical do Atlântico Sul e influências ao Brasil
As altas pressões subtropicais fazem parte da circulação geral da atmosfera. A alta subtropical do Atlântico Sul por exemplo, é extremamente importante para os padrões de tempo e clima no Brasil. Entenda como a sua variabilidade pode influenciar o tempo no país.
Apesar da atmosfera estar em constante movimento, determinados sistemas de tempo possuem comportamento semi-permanente, como as altas pressões subtropicais. Mas para entender a dinâmica delas, é preciso recorrer aos conceitos básicos da circulação geral da atmosfera.
O aquecimento diferencial entre os polos e o trópico impulsiona a circulação atmosférica da Terra. A rotação do planeta faz surgirem 3 grandes células meridionais (norte-sul) de circulação geral em cada um dos hemiférios: Hadley, Ferrel e Polar.
A célula de Hadley domina a região equatorial e tropical do globo, apresentando movimentos ascendentes em latitudes equatoriais e movimentos descendentes entorno de 30°, onde se localizam as altas pressões subtropicais e os grandes desertos do mundo. No hemisfério sul, o lado polar destes sistemas é composto pelos ventos ocidentais, enquanto no lado equatorial estão os ventos alísios.
A sazonalidade modifica a intensidade e a posição das células de circulação geral da atmosfera, implicando em mudanças no comportamento dos sistemas de superfície, como as altas subtropicais. Mas de que forma a alta subtropical do Atlântico Sul pode impactar as condições do tempo e clima do Brasil?
Como grande parte do Brasil se localiza dentro do trópico, as condições de tempo no centro-leste do país são sensíveis as mudanças de posição e força da alta subtropical do Atlântico Sul. A climatologia mostra que o sistema se aproxima do Brasil no inverno e se afasta durante o verão. No outono e primavera, a posição é intermediária.
Padrões de teleconexão (propagação de ondas na atmosfera superior)podem modificar a intensidade e a localizaçãoda alta subtropical do Atlântico Sul em qualquer época do ano. Isso explica as estações chuvosas deficientes nos últimos anos e determinados períodos de inverno com temperaturas acima da média.
Dependendo da época do ano em que a alta subtropical influencia o Brasil, os efeitos no tempo são diferenciados com relação às temperaturas, uma vez que o sistema suprime chuvas independente da estação. No outono e inverno, as noites são mais frias e as tardes mais quentes (amplitude térmica). A falta de ventos e a inversão térmica agrava os episódios de poluição nas grandes metrópoles, mas também no interior do país na temporada de queimadas. Fortes bloqueios de inverno ainda interrompem a chegada dos ventos gélidos de sul sobre os estados do sudeste e centro-oeste.
No verão, o impacto é bastante conhecido e temido por muitos brasileiros. A atuação da alta sobre o Brasil no período chuvoso, tira de cena o principal sistema precipitante em larga escala da monção, a zona de convergência do Atlântico Sul. A falta de chuvas por longos períodos do verão é uma grave ameaça ao sistema hídrico e energético do país, como visto em um passado recente. Além destes inconvenientes, as altas temperaturas de verão sob domínio de bloqueios geram desconforto térmico e até problemas de saúde na população.