Ameaça à saúde humana: poluição do ar pode aumentar a resistência a antibióticos
De acordo com um estudo, a resistência aos antibióticos é uma ameaça urgente à saúde pública global, responsável pela morte de pelo menos 1,27 milhão de pessoas em todo o mundo. Saiba mais aqui!
Os antibióticos são fármacos utilizados na prevenção e tratamento de infecções bacterianas. Uma vez que a bactéria altera a sua resposta ao uso desses medicamentos, a resistência aos antibióticos é desenvolvida.
As bactérias desenvolvem naturalmente resistência contra certos medicamentos, mas o uso indevido de antibióticos em humanos acelera o processo. Em alguns casos, as bactérias chegam a se tornar imunes aos antibióticos, podendo assim espalhar a resistência a outras bactérias que encontram.
Esta resistência por parte das bactérias leva também a custos médicos mais altos, internamentos hospitalares prolongados e aumento da mortalidade.
De acordo com um estudo publicado na revista Lancet Planetary Health, e realizado por pesquisadores da China e do Reino Unido, revelou que a poluição do ar pode também estar associada à resistência a antibióticos por bactérias causadoras de doenças.
Segundo a Organização Mundial da Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, a resistência aos antibióticos é responsável pela morte de, pelo menos, 1,27 milhão de pessoas em todo o mundo, responsável por quase 5 milhões de mortes só em 2019.
Crescente ameaça de infecções
O ar é conhecido como um caminho direto para a disseminação de agentes patogênicos, contudo, há informações limitadas sobre o papel da poluição do ar no transporte de genes resistentes a antibióticos.
Pela primeira vez, os especialistas investigaram a correlação global entre as partículas finas PM2.5 no ar e os casos de bactérias que se tornaram imunes a antibióticos.
Liderada pelo professor Hong Chen, da Universidade de Zhejiang, na China, a equipe de pesquisa organizou um extenso conjunto de dados para investigar a influência do PM2.5 no aumento da resistência global a antibióticos.
Eles analisaram dados de 116 países coletados entre 2000 e 2018 e chegaram à conclusão de que a resistência aos antibióticos é particularmente grave no norte da África, no Médio Oriente e sul da Ásia, ao contrário da Europa e da América do Norte, que apresentaram os valores mais baixos de resistência aos antibióticos.
Para cada aumento de 10% na poluição do ar, há um aumento de 1,1% na resistência a antibióticos. Essa relação também se fortalece ao longo do tempo, onde as mudanças nos níveis de PM2.5 levam a um aumento mais significativo da resistência aos antibióticos nos anos anteriores.
Número de mortes aumentou para meio milhão
Até agora, a equipe não explica claramente a possível conexão entre a poluição do ar, cujas principais fontes são a indústria, os automóveis e outros combustíveis fósseis, e a resistência a antibióticos.
A análise dos dados neste estudo sugere que a resistência a antibióticos desencadeada pela poluição é responsável por quase 480 mil mortes prematuras em 2018.
O estudo também inclui um modelo de cenários futuros, caso as políticas de poluição do ar não melhorarem. Estima-se que a resistência global aos antibióticos pode aumentar em 17% até 2050, com mortes prematuras anuais aumentando para quase 840 mil.