Aquecimento global aumenta risco de infeções bacterianas mortais
Com o aquecimento global em curso, os especialistas estão a alertar que as infeções bacterianas potencialmente fatais podem tornar-se mais comuns. Saiba mais aqui!
Os cientistas observaram que as temperaturas médias mais elevadas estão a permitir que as bactérias se multipliquem mais rapidamente e aumentem a sua virulência. Isto é especialmente preocupante em regiões onde as temperaturas já são elevadas e a infraestrutura de saúde é fraca, o que torna difícil lidar com surtos de doenças infeciosas.
Subida da temperatura média da água do mar aumenta a proliferação de bactérias
Um estudo publicado na revista científica Nature Scientific Reports revelou que a bactéria Vibrio vulnificus, capaz de causar infeções graves que “devoram a carne”, está a alastrar-se ao longo da costa leste dos Estados Unidos da América (EUA) devido às mudanças climáticas.
Com a subida da temperatura média da água do mar, a bactéria pode prosperar em locais mais a norte do que o habitual, o que pode resultar num aumento anual do número de infeções de 10 para 80 por ano, podendo duplicar nos próximos 20 anos. Em um cenário de maiores emissões de gases com efeito de estufa (GEE), as infeções poderão ocorrer entre 140 a 200 pessoas por ano.
De acordo com os cientistas, nos próximos 20 anos, as infeções irão alastrar-se mais de 11 mil quilómetros para norte da costa leste dos EUA e, nos próximos 70 anos, as infeções podem atingir a baía do rio de São Lourenço, no Canadá, espalhando-se até 14 400 quilômetros do sítio a que estavam normalmente circunscritas.
Como é que se propaga a bactéria Vibrio vulnificus?
Em 2100, entre 90 a 210 milhões de pessoas podem passar a estar em risco. A Vibrio vulnificus é uma bactéria da mesma família das que provocam a cólera e prospera em zonas de água salobra com temperaturas mais elevadas. A infeção pode ocorrer quando uma pequena lesão na pele é exposta às bactérias presentes na água do mar, e pode manifestar-se através de sintomas como arrepios, febre, diarreia, dores de estômago ou vómitos.
No entanto, em casos mais graves, pode ser necessário uma intervenção cirúrgica para remover o tecido ou amputar a zona afetada. As taxas de mortalidade são elevadas, cerca de 18%, e a maioria das fatalidades ocorre 48 horas após a exposição.
Os cientistas temem que as infeções continuem a aumentar com as alterações climáticas, pois os oceanos tornam-se mais quentes, formando um ambiente mais propício à multiplicação das bactérias, e o aumento da frequência dos furacões expõe as populações costeiras a uma maior quantidade de água contaminada. É importante salientar que a Vibrio vulnificus pode ser encontrada em todo o mundo, mas nos EUA concentram-se, normalmente, na zona do Golfo do México.
Segundo especialistas, o aumento das infeções bacterianas potencialmente fatais devido ao aquecimento global pode ser evitado através de medidas como o controlo do uso de antibióticos, a melhoria das infraestruturas de saneamento e a implementação de medidas de adaptação às mudanças climáticas.
Ações urgentes para evitar futuro com infeções bacterianas mais comuns e mortais
Com o aquecimento global a afetar a saúde pública, as ações urgentes são fundamentais para evitar um futuro em que as infeções bacterianas potencialmente fatais se tornem mais comuns e mais mortais.