Áreas urbanas com mais espaços verdes garantem uma melhor saúde mental
A nova pesquisa divulgada recentemente sugere que quanto maior o contato com a natureza, menor a chance de se desenvolver transtornos mentais. Veja mais informações aqui.
A saúde mental é extremamente importante para todos, em qualquer lugar do mundo. Segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 quase um bilhão de pessoas viviam com algum tipo de transtorno mental; desses, 14% eram adolescentes.
E já é senso comum que espaços verdes dentro de áreas urbanas são benéficos tanto para o meio ambiente quanto para a qualidade de vida dos moradores. Agora, um estudo recente publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health sugere que pessoas que moram em áreas urbanas com mais espaços verdes, como parques, praças públicas e jardins, têm melhor saúde mental.
A pesquisa usou uma ferramenta inédita
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Metodista de Houston e da Universidade A&M do Texas (TAMU) fizeram uma análise inédita utilizando um banco de dados detalhado do NatureScore para avaliar a saúde mental dos moradores de áreas urbanas do Texas (EUA). A amostra de dados incluiu cerca de 61 milhões de consultas ambulatoriais para depressão, transtornos bipolares, estresse e ansiedade; destas consultas foram 63% para mulheres e 30% para idosos. Os dados dessas consultas são: idade, sexo, raça/etnia, escolarização, situação profissional e socioeconômica, diagnóstico e CEP (Código de Endereçamento Postal) do endereço do paciente.
A ferramenta NatureScore usa vários conjuntos de dados relacionados à poluição atmosférica, sonora e luminosa, e a presença de parques e copas de árvores para calcular a quantidade e a qualidade de elementos naturais para qualquer endereço no mundo.
O NatureScore avalia a qualidade da exposição à natureza de acordo com uma pontuação: Deficiente: 0 a 19 pontos; Leve: de 20 a 40 pontos; Adequada: de 40 a 60 pontos; Rica: de 60 a 80 pontos; e Utópica: de 80 a 100 pontos.
Esse é o diferencial do estudo. Segundo Jay Maddock, um dos coautores, “a associação entre a exposição à natureza e uma melhor saúde mental está bem estabelecida nos Estados Unidos e em outros lugares, mas a maioria dos estudos utiliza apenas uma ou duas medições desta exposição”.
Exposição ao verde vs. saúde mental
De forma geral, o estudo mostrou que quanto maior a exposição a áreas verdes urbanas, menor é a necessidade de serviços de saúde mental, como consultas com psiquiatras e tratamentos para transtornos mentais.
Quanto maior era a pontuação de um bairro no NatureScore, menor era a tendência de os moradores fazerem consultas ambulatoriais devido à saúde mental. As quantidades de consultas médicas reduziram pela metade em bairros com pontuação acima de 60 pontos (qualidade da exposição à natureza: rica), em comparação com bairros que possuem pontuação mais baixa.
“Descobrimos que um NatureScore acima de 40 – considerado adequado – parece ser o limite para uma boa saúde mental. As pessoas nesses bairros têm uma probabilidade 51% menor de desenvolver depressão e uma probabilidade 63% menor de desenvolver transtornos bipolares”, disse Maddock.
Essa descoberta pode ter uma implicação importante para o planejamento urbano na região. Para o autor principal da pesquisa, Omar M. Makram, “Aumentar os espaços verdes nas cidades poderia promover o bem-estar e a saúde mental, o que é extremamente importante, dado que mais de 22% da população adulta nos Estados Unidos sofre de um distúrbio de saúde mental”.
Referência da notícia:
Makram, O. M. et al. Nature and Mental Health in Urban Texas: A NatureScore-Based Study. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 21, n. 2, 2024.